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Concursos de produção de leite podem deixar de premiar quantidade

Cadeia leiteira discute novas regras para os torneios, que devem valorizar o teor de sólidos do produto e não mais o quanto rende a ordenha

Concursos de produção de leite no Brasil vão começar a valorizar a qualidade do produto em lugar da quantidade. Um grupo de trabalho da cadeia leiteira está sendo criado para discutir a regulamentação dos torneios e mudar a forma de premiação, levando em conta o teor de sólidos do leite e não mais o quanto rende a ordenha de cada vaca.

A ideia foi proposta pelo fiscal federal agropecuário João Carlos Vianna Ribeiro. Ele afirma que a média de produção de vacas com alto potencial genético atualmente é de 30 litros por dia, sendo possível até encontrar nos rebanhos exemplares que alcançam 50 litros por dia. “Mas o que vemos nos concursos é uma produção de 100, 110 litros”, diz.

De acordo com o fiscal, isso seria resultado do frequente uso de medicamentos para estimular a produção, que leva muitas vezes à morte de animais. “É comum começar um concurso com dez vacas e terminar com cinco, porque se usa muitos fármacos pra estimular a secreção, o que acaba desidratando as vacas”, informa Ribeiro.

As vacas campeãs dos torneios leiteiros são qualificados como grandes produtores e têm sua genética multiplicada. “A gente não está selecionando animal com produção de qualidade, mas animal resistente a veneno. E isso vai na contramão do melhoramento genético”.

A coordenadora da comissão de bem estar animal do Ministério da Agricultura, Lizie Bus, considera fundamental a criação dessas diretrizes. “O volume de leite produzido nos concursos tem dobrado, está muito acima da normalidade, o que indica que essas vacas estão sendo dopadas, levadas à exaustão e isso é um problema de maus tratos”, diz .

Na maioria dos concursos realizados no país, as regras proíbem o uso de medicamento injetável com esse objetivo, mas não impedem a adição de um remédio na ração, por exemplo.

O Coordenador do Programa de Melhoramento Genético de Girolando, Marcello Cembranelli, concorda com a discussão e a necessidade de criar novas regras. Segundo ele, da forma como são realizados os concursos, não é possível saber se o resultado alcançado vem do potencial genético ou da influência de fármacos.

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