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Leite

Cotação do leite vai a R$ 1,41, maior média mensal da história

Esse movimento de alta esteve atrelada à oferta limitada do produto; volume captado em janeiro ficou abaixo das expectativas do mercado

Fonte: Pixabay

O preço do leite ao produtor subiu 10,2% em fevereiro na comparação com o mês anterior. Segundo pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a “média Brasil” líquida de fevereiro, referente à captação de janeiro, foi de R$ 1,4146 por litro. O valor é R$ 0,13 a mais do que no mês anterior e 33,8% acima do valor registrado no mesmo período de 2018. A instituição destaca que esta foi a maior média mensal para um mês de fevereiro em termos reais. Os valores da série histórica do Cepea, iniciada em 2004, foram deflacionados pelo IPCA de janeiro de 2019.

Esse movimento de alta esteve atrelada à oferta limitada em janeiro. O volume captado em janeiro, por exemplo, ficou abaixo das expectativas do mercado. O índice de captação leiteira do Cepea registrou queda de 3% na média de dezembro para janeiro no país. A cotação também foi puxada pelo aumento da competição entre empresas para assegurar a compra de matéria-prima.  

A menor captação neste início de ano aconteceu por diversos fatores. A estiagem no Sudeste e Centro-Oeste e o excesso de chuvas no Sul prejudicaram a atividade. Outro ponto que afetou a oferta no campo foi o desestímulo de produtores no final do ano passado, tendo em vista a queda da receita e a alta nos custos de produção.

Além disso, no encerramento do ano anterior, as assimetrias de informações e ações especulativas diminuíram a confiança de produtores em seguir aumentando a produção.

Tendência

A expectativa do Cepea é de que, em março, os preços continuem em alta, mas em menor intensidade. A expressiva valorização do leite ao produtor já no início do ano desperta alerta sobre a sustentação desse movimento.

A entidade lembrou ainda que que em 2017, a oferta limitada de leite impulsionou as cotações no início do ano, mas o desequilíbrio entre oferta e demanda fez os valores despencarem a partir de junho.

“O que difere o cenário atual do daquele ano é, principalmente, o contexto econômico, que mostra recuperação do consumo e aumento do poder de compra das famílias”, disse em relatório.

De acordo com o Cepea, o aquecimento da demanda pode facilitar a absorção da valorização dos derivados e evitar que os preços no campo despenquem. No entanto, houve maior oscilação dos valores de derivados, como UHT e muçarela, na negociação entre indústria e atacado no correr de fevereiro, sugerindo certa dificuldade em ultrapassar os atuais patamares de preços.

“Se a demanda conseguir absorver a alta da matéria-prima, o ajuste da oferta pode ocorrer no curto prazo. É importante ressaltar que grande parte do rebanho brasileiro apresenta produtividade muito abaixo do potencial e que, com preços do leite em alta, há maior estímulo nutricional e aumento da produção. Além disso, a perspectiva é de preços mais atrativos de milho nos próximos meses, principalmente a partir de junho. Por outro lado, o fenômeno El Niño pode prejudicar a produção neste ano”, relatou a entidade.

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