O movimento de queda no preço do leite, iniciado em junho deste ano e reforçado entre julho e outubro, foi freado em novembro, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). No mês, o preço pago ao produtor, referente ao leite entregue em outubro, foi de R$ 1,003 por litro, queda de 0,48% frente ao mês anterior, considerando-se a “média Brasil” líquida, que inclui os estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e não considera frete nem impostos. De junho para cá, o valor do leite recuou expressivos 22,1%.
De acordo com pesquisadores do Cepea, os valores do leite só não caíram mais porque o atual patamar é considerado bastante baixo pelo setor, o que tem desmotivado muitos produtores a investir ou até mesmo a continuar na atividade. As consecutivas quedas nos preços no correr de todo o segundo semestre, por sua vez, se devem à demanda enfraquecida na ponta final da cadeia, cenário que persistiu em novembro e elevou ainda mais os estoques. Outro fator que impediu um recuo maior no preço foi a captação leiteira, que caiu em outubro, depois de cinco meses em alta.
O Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea recuou 1,8% na “média Brasil”, principalmente devido à menor produção no Sul do país. Em Santa Catarina, houve queda de 8,3% na captação; no Rio Grande do Sul, de 7,4%, e no Paraná, de 5,7%. Segundo colaboradores do Cepea, além da entressafra da pastagem, a menor receita no período desestimulou a atividade. A captação na Bahia recuou 3,2%, por conta do atraso das chuvas. Já em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, a captação aumentou, 3%, 2,8% e 0,6%, respectivamente, como é típico nesta época do ano. Porém, o menor volume de chuva limitou a produção em outubro.
Se por um lado a diminuição da captação traz maior equilíbrio para a desbalanceada relação entre demanda e oferta, por outro, indica a fragilidade da atividade. Diante da diminuição da receita, muitos produtores já deixaram a atividade e outra parcela não fará investimentos importantes em seus sistemas produtivos, cenário que pode reduzir a oferta de leite em 2018.
Para dezembro, 68% dos colaboradores consultados pelo Cepea, que representam 70% do volume amostrado, acreditam em estabilidade nas cotações. Outros 21,3%, que respondem por 17% da amostra, apostam em alta e 10,6%, que respondem por 13% do volume, em queda. Essas expectativas são reforçadas pelos distintos movimentos do mercado observados de outubro para novembro, que estiveram atrelados aos diferentes planejamentos de compras por parte de empresas, de portfólio de derivados processados, de qualidade exigida da matéria-prima, de concentração de mercado e de estratégias para assegurarem as margem neste final de ano.