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Leite

Estiagem no RS terá impacto na produção leiteira em dois anos, diz entidade

De acordo com o presidente da Gadolando, Marcos Tang, o produtor de leite tem a sua safra de silagem do milho guardada para esse período, mas depois poderá sentir o impacto desta estiagem

Anitta critica produção de leite
Produtores rurais estão preocupados com a seca prolongada na região do Rio Grande do Sul. Foto: MDA/Ascom

A seca prolongada que tem atingido o estado do Rio Grande do Sul desde o final de 2019 também trará impactos na produção de leite na região.  Segundo a Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) a seca afeta especialmente a safra de milho e os produtores que dependem da cultura para a silagem estão colhendo as folhagens sem o grão ou com péssima qualidade. A entidade já vem recebendo a manifestação de produtores de leite sobre o tema.

Conforme o presidente da Gadolando, Marcos Tang, essa repercussão na alimentação do gado leiteiro será sentida em dois anos. “Isto não tem repercussão só no dia da vaca. O animal mal alimentado terá suas consequências no futuro. Muitos produtores que estavam se reorganizando, ajustando as matrizes, terão que mudar o rumo de seus investimentos para a compra de alimentação de qualidade e isso se acharem, pois às vezes terão que comprar comida fora do estado pagando altos preços pela silagem e arcar com o transporte do alimento”, destaca.

Para o dirigente, o produtor vinha de uma boa expectativa devido ao preço do leite, que não teve queda na virada do ano como em momentos anteriores e até tinha uma sinalização de melhora. “Mas o clima nos pegou de jeito e, embora tivesse previsto uma irregularidade, não tinha previsto uma estiagem. E não temos seguro sobre a silagem”, observa.

Tang salienta que a ideia de muitos produtores de leite é em tentar viabilizar uma safrinha de milho se começar a chover como opção para obter a silagem, mas nem todas as regiões terão estas condições, pois algumas localidades a geada ocorre mais cedo. A alternativa, de acordo com o presidente da Gadolando, é que produtores, técnicos, indústrias e cooperativas se organizem de forma a amenizar os problemas do setor causados pela estiagem.

Perdas na lavoura

As perdas na cultura da soja com os impactos da estiagem no Rio Grande do Sul, até este momento, é estimada em 13%, enquanto no milho o valor é de 33%. É o que apresenta os números pesquisados pela Rede Técnica Cooperativa (RTC), no dia 7 de janeiro, após levantamento junto aos departamentos técnicos das cooperativas agropecuárias gaúchas. Os dados foram divulgados pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS).

No milho, a redução pode ser de cerca de 1,879 milhões de toneladas, enquanto na soja este valor chega a aproximadamente 2,490 milhões de toneladas. Com isso, caso a situação se confirme, o volume de produção de soja, até o momento, pode ter queda de 19,154 milhões de toneladas para 16,664 milhões de toneladas enquanto no milho a redução pode ser de 5,696 milhões de toneladas para 3,816 milhões de toneladas. 

Os números consideram a primeira previsão de safra do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outra estimativa, segundo a FecoAgro/RS, é que também terá impacto significativo na redução de produção de leite.

A FecoAgro/RS destaca, em especial neste primeiro levantamento, a presença de um desvio padrão considerável dadas as diferenças de precipitações, épocas de semeadura e ciclos das cultivares nas diferentes regiões, que geram impactos diferenciados nas áreas atingidas.

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