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Leite

Girolando, a raça que mudou a produção de leite no Brasil

Recordista mundial na produção de leite em um único dia, a raça também vem se destacando pela longevidade e melhoramento genético ao longo dos anos

Foto: Fazenda do Basa/divulgação

Em meados do ano de 2017, uma vaca da raça girolando bateu o recorde mundial da produção de leite ao acumular a impressionante marca de 120,48 quilos de leite em um único dia. O recorde anterior era de um animal da mesma raça, que havia atingido a produção de 115 quilos.

Esta tem sido uma constante no universo da pecuária leiteira, onde os girolandos – animais de uma raça resultante do cruzamento de gir leiteiro com holandês – estão conquistando os melhores resultados ano após ano.

De acordo com o técnico do programa de melhoramento da raça, o zootecnista Frederico Paiva, o diferencial do girolando é a fácil adaptação a qualquer sistema de produção. “Quando levamos para um sistema intensivo, com ambiente, qualidade e nutrição, temos um potencial leiteiro de muita qualidade. Do mesmo modo, quando se vai para uma produção tropical esta raça se dá muito bem também”, analisou.

A vaca girolando meio sangue 154 FIV Sanchez é a atual recordista mundial, com um pico de produção diário de 120,3 quilos de leite em evento realizado no interior de São Paulo. Foto: Divulgação

A composição sanguínea da raça é escolhida de acordo com o ambiente e o objetivo do pecuarista. O padrão girolando é um gado ⅝, ou seja, com 68% de sangue holandês. Também é possível trabalhar com animais 3/4 , com 75% holandês; e meio-sangue, quando o animal é 50% holandês e 50% gir.

Por possuir toda essa adaptabilidade ao clima brasileiro, a raça se tornou a grande responsável pelo fornecimento de leite no país. De acordo com a associação, animais da raça são responsáveis por aproximadamente 80% do que é entregue ao mercado.

Longevidade

Recentemente, o setor tem comemorado marcas jamais atingidas como a de vacas que atingiram, ao longo da vida, mais de 100 mil quilos de leite. “Foi um trabalho feito por meio do melhoramento genético, onde procuramos pais com mais longevidade, o que possui relação com o sistema mamário, pernas de boa qualidade e animais que caminham bem, deixando a cada ano um bezerro ou bezerra dentro da propriedade”, disse Paiva.

Ao todo, quatro animais da raça já atingiram essa marca histórica. A primeira, foi a vaca ICH Canela Teatro, uma girolando meio-sangue da Fazenda São Caetano, de Morrinhos (GO). De acordo com o criador Tadeu Chiari, a vaca que chegou aos 16 anos de idade em 2019 comprovou na produção e por meio de seus descendentes que é um animal de qualidade genética acima da média.

“O diferencial dela é que seus filhos já são comprovados leiteiros e, 9 entre os 10 primeiros animais do Top 1.000 da raça são da família Canela, que já tem 57 filhas nessa lista”, contou Chiari.

Desde a primeira lactação, Canela se destacava no rebanho. Mas foi a partir do terceiro parto que ela se sobressaiu.

A vaca ICH Canela Teatro é uma das recordistas nacionais na produção de leite durante a vida, já passando dos mais de 100 mil quilos. Foto: Divulgação

Melhoramento genético

Esse tipo de resultado só é possível por causa do melhoramento genético, que vem dando características diferenciadas à vacas leiteiras, como a redução do intervalo de partos.

“A gente busca a capacidade de transmissão de genes tanto pelo controle leiteiro, como por exames laboratoriais. Atualmente, utilizamos a verificação genômica, onde mandamos o material coletado para fora do país e, com o resultado, conseguimos identificar se o animal é positivo ou não para uma produção satisfatória de leite”, disse Frederico Paiva.

Para o futuro, a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando aposta na democratização da tecnologia para que seja acessada, cada vez mais, pelos pequenos produtores. “O pequeno criador, hoje em dia, consegue ter acesso a um material de qualidade. Toda região brasileira tem um associado da Girolando e, com eles, é possível adquirir tourinhos para que possa introduzir no rebanho animais de qualidade.”

A facilitação para o acesso à raça é também um desejo do presidente da associação, Luiz Carlos Rodrigues, que aposta em projetos que levem cada vez mais pequenos produtores a feiras e eventos com a presença da raça.

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