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Governo não pode ceder à pressão do Uruguai e liberar importação de leite, diz presidente da Abraleite

Concorrência imposta pelo país vizinho seria “predatória”, pois produto uruguaio teria subsídios e isenções, de acordo com Geraldo Borges, da Abraleite; preocupado com cenário, setor nacional prepara mobilizações para este mês

Fonte: Reprodução

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges, manifestou preocupação com a divulgação da notícia, na última sexta-feira, dia 13, de que Michel Temer, após conversar pessoalmente com o presidente uruguaio, teria enviado uma comitiva a Montevidéu para tratar da suspensão de licenças de importação de leite em pó do Uruguai para o Brasil. “O governo não pode ceder à pressão do Uruguai e liberar a importação sem limites”, disse Borges. 

O representante da entidade cobra que as compras de leite do país vizinho sejam feitas com regras similares às que são aplicadas à Argentina. “Não pode haver diferença de tratamento; nós temos a visão de que é preciso manter boas relações com todos os países membros do Mercosul”, afirmou.

De acordo com o presidente da Abraleite, é importante investigar se há triangulação nas vendas do produto feitas pelo Uruguai ao Brasil, que, suspeita-se, poderia estar entregando também leite argentino ou mesmo neozelandês. Mas o governo brasileiro também deveria considerar urgente a questão da importação desordenada proveniente daquele país, classificada por Borges como predatória.

“O valor pelo qual o leite uruguaio é comercializado está muito aquém do produto brasileiro porque (o leite do Uruguai) tem subsídio, além de isenção de impostos, tributos e encargos sociais. Aqui temos PIS, Cofins, FGTS, Funrural, INSS e uma cascata de impostos que afetam o produtor, como nos grãos usados na ração, por exemplo”, enumera.

Segundo Borges, essa questão afeta a sobrevivência de cerca de 15 milhões de pessoas ligadas diretamente à produção de leite – entre produtores, empregados e familiares -, sem considerar a indústria e o comércio da cadeia.

Mobilização

Apreensivo com o cenário descrito por Geraldo Borges, o setor já começa a se mobilizar. Nesta segunda-feira, dia 16, produtores, cooperativas de leite e sindicatos vão promover no município do Prata (MG) um manifesto nacional para o fortalecimento da pecuária leiteira. A intenção é reivindicar medidas de apoio e defesa da cadeira produtiva do leite por parte do governo brasileiro.
 
A Abraleite, Núcleo dos Sindicatos Rurais e Fecoagro Leite Minas organizam essa mobilização, que conta com o apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). O evento espera receber mais de 1.000 produtores rurais, autoridades e lideranças do setor. O ministro da Agricultura Blairo Maggi teria conformado sua participação.

O presidente da Abraleite afirma que uma mobilização ainda maior está sendo organizada para ocorrer em Brasília, no dia 31 de outubro. Nesse dia, as entidades do setor esperam reunir na Esplanada dos Ministérios milhares de representantes da cadeia do leite de diversas partes do país. “Será algo como foi feito para a defesa da vaquejada”, disse Geraldo Borges.

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