Indústrias de leite querem dobrar consumo de lácteos no país até 2030

Brasileiro consome em média apenas metade do volume recomendado pela Organização Mundial de Saúde; setor busca fidelização a marcas

Fonte: Canal Rural

As indústrias brasileiras querem dobrar o consumo de derivados de leite no país até 2030. O consumo nacional atual corresponde à metade do indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de três porções por pessoa por ano. Para que isso ocorra, o setor está investindo em inovação e preço.

No Brasil, cada habitante consomo em médio 5 kg de lácteos por ano. Já na Argentina e no Uruguai, o volume é o dobro. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Queijo, Fabio Scarcelli, admite que o consumo reduzido está ligado à renda do brasileiro. Segundo ele, há um estudo do Ministério da Fazenda que indica que, para cada 1% de crescimento da renda, há um crescimento de 1,2% no consumo de lácteos em geral. 

“Infelizmente, o brasileiro ainda não tem o hábito muito arraigado do consumo de queijos”, diz Scarcelli, lembrando que, em São Paulo e no Sul do país, o volume consumido é mais elevado. 

O representante da indústria de queijos diz que os fabricantes daqui utilizam os mesmos produtos que na Europa, o que seria um sinônimo de qualidade. “Todas as novidades que saem lá – como um novo fermento, um novo coalho – e que vão trazer mais rendimento e qualidade do produto”, afirma Fabio Scarcelli.

Matéria-prima

A qualidade também está na matéria-prima brasileira. A pecuarista gaúcha Clara Bickel, por exemplo, investiu no confinamento do gado para ter maior rendimento. “Com isso, você consegue balancear melhor a dieta e fazer com que a vaca produza mais, com maior índice de sólidos no leite”, afirma.

Como resultado, a criadora obtém 4 litros a mais por animal e leite melhor. Clara também investiu em genética, montando um programa de acasalamento que avalia cada fêmea e escolhe o touro de forma a corrigir seus defeitos. “Alimentação, sanidade e genética são fundamentais hoje para a propriedade”.

A indústria, por sua vez, tem tentado aumentar a rentabilidade da cadeia mostrando o que produz ao consumidor. O secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat-RS), Darlan Palharini, o setor tem buscado a fidelização do consumidor às marcas. “Mesmo que seja um produto de massa, que ele comece a ter uma identificação com a marca, com o sabor, com a região também”, afirma.