Eles são dóceis, de porte pequeno e se destacam no mercado pela qualidade da produção leiteira. Mas essas não são as únicas razões que fazem o gado jersey cair nas graças dos criadores brasileiros.
“Eu destaco o temperamento. Nós sabemos que é um animal menor, um animal fácil de ter em qualquer lugar. E também a rusticidade. É um animal que pari sozinho, que se cria sozinho. É um animal que, com pouquíssimas condições, dá retorno na produção de um leite de alta qualidade”, diz o criador e presidente da Associação de Criadores de Gado Jersey do Rio Grande do Sul, Claudio Martins, um apaixonado pela raça.
Os primeiros animais de Martins, chegaram à fazenda dele em Aceguá (RS) há pouco mais de 20 anos. A raça europeia já está no Brasil desde 1896. E veio pelas mãos de um dos mais importantes políticos e pecuaristas gaúchos do inicio do século 20, Joaquim Francisco de Assis Brasil.
Registrados, são pelo menos 150 mil animais hoje no país. Santa Catarina é o estado que tem o maior numero de criadores. Depois vêm Rio Grande do Sul, Paraná, Minas e Rio Grande no Norte. Um fator justifica essa expansão. De todas as raças leiteiras, segundo a associação de criadores, a jersey tem maior tolerância ao calor, por causa da pele pigmentada.
O grande diferencial da raça está na qualidade do que ela produz. O leite das vacas jersey tem mais proteínas, lactose, vitaminas e minerais. No total são 13% a mais do que as outras raças.
O diferencial da qualidade garante mercado, diz o presidente da associação de criadores. Tem mais interesse da indústria. Para produzir um quilo de queijo, são necessários 8 litros de leite de jersey. De outras raças no mercado seriam necessários pelo menos 12 litros. Para o produtor, o preço recebido também é melhor. “Nós estamos com preços médios hoje 50% maiores em relação ao que tínhamos no ano passado”, diz Martins.
Em produção, o gado jersey chega a dar 16, 17 litros de leite por dia em média. O porte pequeno do animal se traduz em menor custo também. O gado come menos. E, por ser mais leve, causa menos desgaste nas pastagens e nas instalações. E o reprodutor também tem cada vez mais valor no mercado.
“Hoje está valendo muito a pena trabalhar com o touro, porque muita gente não tem condições de melhorar sua genética pela inseminação, Então os reprodutores têm um resultado bastante bom, desde que sejam de cabanhas conhecidas e que trabalhem com uma genética melhor”, completa Martins.