Um estudo desenvolvido pela Embrapa Pecuária Sudeste (SP) comprovou que o equilíbrio entre nutrientes na alimentação de vacas em período de lactação é capaz de garantir ganhos na produtividade, ao mesmo tempo que minimiza impactos ambientais. Por reduzir custos de produção, com a diminuição de nitrogênio e fósforo, o manejo nutricional preciso facilita a obtenção de licença ambiental para a propriedade, a nutrição de precisão vem ganhando espaço no Brasil.
A pesquisa
O experimento foi realizado o Sistema de Produção de Leite (SPL) da Embrapa Pecuária Sudeste. Com o objetivo de conhecer o impacto da intervenção no balanço de nutrientes e nos indicadores de desempenho ambiental, durante 12 meses, 14 vacas das raças Holandesa e Jersolanda foram avaliadas. Para o cálculo do balanço de nutrientes do sistema de produção, os animais foram divididos em dois grupos, cada um com sete vacas em lactação.
Os dois grupos receberam a mesma dieta, porém com percentuais proteicos diferentes na formulação do concentrado, à base de milho, farelo de soja, bicarbonato de sódio e sal mineral. No grupo 1, a dieta continha 20% de proteína bruta por toda a lactação. No 2, o ajuste proteico do concentrado foi realizado de acordo com as exigências nutricionais e a produção de leite média no mesmo período.
No estudo, percebeu-se que quando há consumo excessivo de nitrogênio por meio da dieta aumenta-se o risco ambiental. Isso porque que o composto nas fezes e urina tem potencial de volatilização, causando impacto na qualidade do ar, podendo contaminar o solo e as águas superficiais e subterrâneas. Já o fósforo é o elemento responsável pela eutrofização nos corpos d’água. Ou seja, em grande concentração na água, esses elementos podem alterar o ambiente aquático, com aumento da população de determinadas algas que irão depreciar a qualidade da água.
Resultados
O total de excesso de nitrogênio por hectare foi de 605 quilos no grupo 1; e de 556 quilos N por hectare no 2. Em ambos, os menores excessos foram verificados nos primeiros três meses da lactação. A eficiência média de uso de nitrogênio foi de 21% para o grupo 1; e de 22,7% para o grupo 2.
Em relação ao fósforo, o total de excesso por hectare do sistema produtivo foi de 93 kg por hectare no grupo 1; e de 86 por quilo por hectare no grupo 2. A eficiência média de aproveitamento do fósforo no grupo 1 foi de 25,3%; e no grupo 2, de 26,5%. Os maiores excessos ocorreram no verão, nos dois grupos.
Segundo o estudo, uma das vantagens de calcular o excedente de nutrientes por área ao mês, é que permite decisões mais acertadas em relação ao regime de fertilização das pastagens, levando-se em consideração o excedente do mês anterior. Isso reduz a necessidade de aquisição de fertilizantes químicos, diminuindo os custos de produção, otimizando o uso de resíduos de animais como fertilizantes, melhorando a segurança ambiental da fazenda e facilitando a adaptação às legislações ambientais.
Para a zootecnista Táisla Novelli, que participou do estudo a campo, a nutrição de precisão é uma ferramenta a mais para auxiliar o produtor, com bons resultados na produção, além de benefícios ambientais.