O preço pago ao produtor de leite em novembro, referente ao volume captado em outubro, foi de R$ 1,34 por litro da bebida na “Média Brasil” líquida, queda de 1,04% frente ao mês anterior. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o movimento de desvalorização do leite no campo está atrelado ao aumento da produção, devido ao período sazonal de maior disponibilidade de forragens na primavera.
No entanto, o atraso das chuvas no Sudeste e Centro-Oeste, que limitou a recuperação da produção e a competição entre indústrias por matéria-prima neste período evitaram que as cotações não despencassem, assim como observado em anos anteriores.
O Índice de Captação de Leite (ICAP-L) subiu apenas 0,55% na “Média Brasil” de setembro para outubro, muito abaixo do esperado para o período. Além do atraso das chuvas no Sudeste e Centro-Oeste, um levantamento do Cepea destacou que a saída de produtores da atividade e a maior cautela em realizar investimentos, somado ao aumento dos preços dos grãos, diminuíram o potencial de crescimento da oferta nesse período.
Com oferta limitada no último trimestre, o comportamento dos preços neste ano segue atípico. O intenso recuo que sazonalmente se observa no final do ano pode não ocorrer. Segundo agentes do setor, há grandes chances de a captação de novembro, cujo pagamento será feito em dezembro, ficar praticamente estável.
Preço boi gordo
Deve-se levar em conta que a produção do Sul do País tende a cair a partir de novembro. Nas demais regiões, os preços atrativos no mercado de corte têm incentivado o abate de vacas e podem, nos próximos meses, impactar o mercado leiteiro. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) já vê como provável o aumento no descarte de vacas já que o mercado atualmente encontra dificuldade em conseguir animais para abate. Esse fato poderia elevar os preços do leite já em 2020.