Depois de quatro meses em elevação, o preço do leite pago ao produtor do Rio Grande do Sul deve cair 5,18% em outubro frente a setembro, de acordo com o Conseleite. A previsão é de que o valor de referência médio recue de R$ 1,6327 para R$ 1,5482. Apesar da redução, os valores seguem em patamares acima dos praticados em anos anteriores, motivados pela alta de custos no campo e na indústria.
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O temor do setor é com o impacto dessa retração de preços frente à elevação de custos de insumos. Além dos grãos, há diversos outros itens com cotações sendo reajustadas rotineiramente, como embalagens, ingredientes e medicamentos.
Também há preocupação, alertou o presidente do Conseleite, Rodrigo Rizzo, com a falta de itens essenciais para manter a produção, já que produtores relatam dificuldade para aquisição de produtos básicos como o milho, por exemplo. “Ainda estamos sofrendo os efeitos da seca do último verão e isso se agrava com o alerta de La Niña”, diz.
O vice-presidente do Conseleite, Alexandre Guerra, ponderou que a redução do auxílio emergencial de R$ 600 para R$ 300 já traz impacto no mercado, além do aumento das importações de lácteos.
Segundo Guerra, as aquisições de leite importado passaram de um patamar de 10 mil toneladas por mês, antes da pandemia, para mais de 23 mil toneladas em setembro. “Estivemos em reunião com o Ministério da Agricultura e pedimos para que o tema seja monitorado porque as importações estão vindo com mais força”, alerta.
Guerra sinalizou que a alta do preço no mercado interno tornou os importados mais competitivos mesmo com a valorização cambial. Com maior escala por propriedade, Argentina e Uruguai, por exemplo, vêm conseguindo reduzir custos.
O professor da Universidade de Passo Fundo (UPF) Marco Antonio Montoya afirma que há uma correlação direta entre o comportamento dos preços no Rio Grande do Sul e o verificado em outros estados, como Santa Catarina e Paraná, que também sinalizam retração para outubro.