A Nova Zelândia quer firmar parceria com o Brasil para a cooperação agropecuária, sobretudo no segmento de lácteos, em que o país é referência.
A proposta prevê a troca de conhecimentos para aumentar a produtividade dos rebanhos, mas os neozelandeses também querem reforçar laços comerciais com o Brasil, de olho em um mercado interno de mais de 200 milhões de habitantes.
– Queremos discutir onde podemos trabalhar juntos no mercado internacional e como podemos ajudar fazendeiros de ambos os países a serem mais rentáveis e bem-sucedidos – afirmou o emissário do país para Assuntos de Comércio em Agricultura, Mike Petersen.
Para discutir as propostas, o emissário se encontrou com a secretária de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Tatiana Palermo, na manhã desta segunda, dia 10. Também em Brasília, Petersen deve participar de audiência pública no Senado. Embora não integre o governo neozelandês, o emissário atua em defesa dos interesses de produtores de seu país.
O enviado afirma que a Nova Zelândia está disposta a compartilhar experiências de produção que tornaram o país, um pequeno arquipélago no oceano pacífico, um dos maiores exportadores de leite e derivados do mundo.
– Como não temos a mesma dimensão territorial que o Brasil, desenvolvemos tecnologias que nos tornaram bastante eficientes – conta Petersen.
Dentre os conhecimentos, o emissário cita técnicas de plantio e de manejo de pastos, desenvolvidas para aumentar a eficiência no 1,7 milhão de hectares em que a atividade leiteira é praticada.
Em lácteos, a produtividade da Nova Zelândia é significativamente maior do que a do Brasil. O país produziu 21,7 bilhões de litros de leite com 5 milhões de vacas em lactação em 2014, enquanto o Brasil precisou de mais de 16 milhões de cabeças para os seus 27,4 bilhões de litros do produto. Os números são estimativas da Informa Economics FNP com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês).
– A produção brasileira em termos absolutos é muito alta, mas certamente há espaço para melhorias – destaca Petersen.
Embora a visita tenha foco na troca de know-how, o emissário está de olho em oportunidades comerciais e de investimento.
– Seria tolo de minha parte afirmar que não temos interesse em aumentar o comércio com o Brasil, mas estamos fazendo isso de modo diferente agora – afirma.
Dito isto, Petersen não se refere às exportações diretas ao Brasil, mas à parceria corporativa entre a Fonterra e a Nestlé, chamada Dairy Partners Americas, para produzir e atender à demanda de países latino-americanos. Neozelandesa, a Fonterra é a quarta maior companhia do segmento do mundo em faturamento, segundo o Rabobank, e processa mais de 90% do leite captado em seu país.
– Pode haver algumas processadoras de menor porte interessadas em vir ao Brasil, mas acho que é mais provável que seja a Fonterra a agir, e eles já estão aqui – disse.
Do ponto de vista dos produtores, Petersen diz que neozelandeses têm interesse em vir ao Brasil para trabalhar com agricultura, empregando seus sistemas agrícolas tradicionais.
– Acredito que isso deve continuar acontecendo, sobretudo com a disponibilidade e os preços da terra no país – explica.
Em sua viagem, o enviado especial visitou a fazenda Kiwi Pecuária, em Goiás, que gera a maior parte de sua receita por meio da atividade leiteira e é administrada por um neozelandês. Petersen deixa o País na madrugada desta terça, dia 11, após ter visitado Colômbia, Costa Rica e Panamá com finalidades similares.