O Ministério Público do Rio Grande do Sul cumpriu hoje, dia 17, quatro mandatos de prisão e cinco de busca e apreensão no município de Esmeralda, em Campos de Cima da Serra, contra a transportadora Marcio Fachinello (ME) por suspeita de crime organizado, prática comercial abusiva e adulteração. Esta é a 9ª etapa da Operação Leite Compen$ado. Entre os presos até o momento estão o dono da empresa, Marcio Fachinello, e três de seus funcionários.
Segundo as investigações, que duraram quatro meses, o proprietário da ME e quatro motoristas adicionavam produtos químicos ao leite cru in natura para esconder a adição de água, usada para aumentar o volume do produto e evitar a perda de leite em deterioração, e de bicarbonato de sódio, utilizado para adequar o leite impróprio ao consumo. A empresa recolhia de 40 a 50 mil litros de leite diariamente com os produtores da região.
– As análises de quatro coletas feitas pelo Mapa [Ministério da Agricultura] nos meses de agosto de 2014 e 2015 comprovaram que houve adulteração do produto, com o intuito de dar uma “nova vida” ao leite – afirma nota do Ministério Público.
As investigações apuraram também que os suspeitos coletavam leite com até sete dias de prazo entre a ordenha e a coleta, infringindo as normas sanitárias, que estabelecem 48 horas como período máximo entre a coleta e o recebimento e processamento do leite.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, realizou a operação em parceria com representantes do Ministério da Agricultura, a Receita Estadual e a Brigada Militar.
Histórico
A operação Leite Compen$ado ocorreu há dois anos e revelou diversos casos de adulterações e fraudes na cadeia leiteira gaúcha, a maior parte praticada por empresas transportadoras. Até o momento, 81 pessoas foram denunciadas e 46 estão presas.
A Receita Estadual calcula que as companhias investigadas possuem um débito de R$ 19 milhões com o estado, entre ICMS sonegados e multas.