Leite

Preço do leite pago ao produtor em fevereiro sobe 3,6%, diz Cepea

Menor captação entre dezembro e janeiro, motivada pela instabilidade climática e fortes variações nos regimes de chuvas, influenciou resultado

O preço do leite pago ao produtor em fevereiro, referente ao volume captado em janeiro, foi de R$ 1,4175 por litro na média Brasil líquida, aumento de 3,6% ou R$ 0,05 frente ao mês anterior. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), explica que o movimento de alta nas cotações do produto no campo, observado pelo terceiro mês seguido, é influenciado pela maior competição entre laticínios para garantir a compra de matéria-prima em um contexto de oferta limitada.  

O Cepea indica ainda que a captação das empresas voltou a cair de dezembro para janeiro. O índice da entidade recuou 3,7% na média Brasil – todos os estados registraram queda na captação nesse período. Essa diminuição esteve atrelada, entre outros fatores, à instabilidade climática e às fortes variações nos regimes de chuvas.  

“Vale destacar que no Sul do país, o cenário de baixa oferta deve continuar sendo verificado nos próximos meses, tendo em vista que essa região enfrentou uma séria estiagem prolongada, que prejudicou a atividade agropecuária como um todo. O estresse calórico, a menor disponibilidade de pastagens e os prejuízos no plantio do milho para silagem devem antecipar a entressafra leiteira na região”, disse.

Além disso, o aumento dos custos de produção, em especial do preço do concentrado, puxado pela constante valorização dos grãos, e o abate de vacas leiteiras, estimulado pela alta do boi gordo, influenciaram a tomada de decisão dos pecuaristas nos últimos meses. Frente às dificuldades de anos anteriores, os investimentos de longo prazo para a produção leiteira foram comprometidos, o que têm limitado o potencial de crescimento da atividade no presente. 

Tendência

Na opinião de agentes do setor, a captação de fevereiro não teve grande variação em relação à de janeiro. Os preços do leite spot (negociações entre as indústrias) se elevaram na primeira e segunda quinzenas de fevereiro. Segundo levantamentos do Cepea, em Goiás e em Minas Gerais, os aumentos nas médias mensais foram de 4,1% e de 1,7%, respectivamente. Como consequência, os laticínios tiveram que repassar a valorização da matéria-prima para os derivados – mesmo com o consumo de lácteos considerado fraco em fevereiro.

A dificuldade em elevar o patamar das negociações gerou bastante oscilação dos preços durante o mês, principalmente no caso do leite UHT. A pesquisa diária do Cepea indicou alta acumulada de 4,9% em fevereiro, evidenciando o vaivém do mercado. Contudo, a média mensal de fevereiro ficou apenas 0,3% acima da de janeiro.

Colaboradores do Cepea relataram que agentes de empresas têm apostado em novas estratégias de processamento para manter os estoques do UHT controlados. As negociações de muçarela, por sua vez, foram mais estáveis: a valorização acumulada no mês foi de 1,7% e a média mensal subiu 1,2% (dados até o dia 27). No mercado do leite em pó, os preços tiveram aumento acumulado de 3,6% em fevereiro e acréscimo de 2,7% na média de janeiro para fevereiro. Assim, a expectativa é de que os preços no campo sigam firmes em março.