O valor de referência do leite se mantém na casa de R$ 1,00 e a tendência é de estabilidade no mercado nos próximos meses. Segundo dados divulgados nesta terça-feira, dia 21, pelo Conseleite, o valor projetado para março é de R$ 1,0092, 0,47% abaixo do consolidado de fevereiro (R$ 1,0140), mas acima do projetado no mês anterior (R$ 1,0034).
“Isso mostra equilíbrio nos valores nesse momento tão difícil para o nosso setor”, salientou o presidente do Conseleite, Alexandre Guerra, referindo-se às margens apertadas com que trabalham os laticínios. Na comparação com anos anteriores, o preço do leite está em um dos patamares mais altos dos últimos anos. A explicação, sugere Guerra, é o impacto da redução na produção gaúcha de leite que, segundo o IBGE, chegou a – 3,5% em 2016.
“Estamos em um cenário diferente em 2017. Esperávamos uma reação maior do mercado consumidor com a volta às aulas, que chegou mais tímida. As pessoas estão adquirindo apenas o básico e notamos retração do consumo da classe C”, ressaltou. Apesar disso, frisou o também presidente do Sindilat, o valor pago pelo leite UHT está em um bom patamar nestes primeiros meses do ano.
Segundo o professor da UPF Eduardo Belisário Finamore, a produção não vem acompanhando a demanda, colaborando para preços mais elevados. Pontualmente sobre os dados apurados em março, Finamore lembra que o comportamento do leite UHT vem reproduzindo esta estabilidade com aumento de 0,30%. “Geralmente é o leite UHT que tem maior representatividade na formação dos valores de referência”, argumentou.
O leite em pó, por outro lado, caiu 1,90%. A composição do valor de referência leva em conta o mix de produtos comercializados pelas indústrias gaúchas e não reproduz a remuneração real paga aos produtores uma vez que não incorpora as bonificações para quantidade e qualidade pagas aos produtores pelos laticínios.
Ação contra importações
Durante a reunião do Conseleite, as entidades que compõem o colegiado decidiram encaminhar uma nota conjunta ao governo federal com pedido formal de um maior controle sobre a importação de leite em pó pelo Brasil. O secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, alertou que o temor do setor é que as aquisições aumentem em 2017 em relação a 2016, quando foram importadas 241 mil toneladas de leite.
“As importações têm um impacto nefasto no mercado nacional. Nosso medo é que as importações sigam aumentando sem controle. O problema não é só o volume importado, mas o preço que esse leite chega ao mercado brasileiro”, salientou.