Os preços do leite recebidos pelos produtores em dezembro mantiveram-se praticamente estáveis, com ligeiro recuo de 0,03% sobre novembro. O litro foi vendido a R$ 0,9673 na chamada “média Brasil” (MG, RS, SP, PR, GO, BA e SC), segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Com isso, em termos reais, o preço médio líquido de 2015, calculado pelo Cepea em R$ 0,9529, é o menor dos últimos cinco anos.
A pecuária de leite teve um ano difícil em todos os seus elos, segundo os pesquisadores do Cepea. “Dentro da porteira”, produtores enfrentaram aumentos constantes de custos de produção e preços bem abaixo dos anos anteriores. Para as indústrias, o desafio foi fechar as contas num contexto de enfraquecimento da renda nacional e vendas de derivados bem inferiores ao esperado para o ano, afirma o Cepea.
A menor demanda por diversos derivados lácteos, a queda nas margens de lucro dos produtores, o excesso de chuvas no Sul do país nos últimos meses, o atraso das chuvas em parte do Sudeste e Centro-Oeste e o aumento da concorrência entre indústrias por produtores em algumas regiões foram algumas ocorrências que dificultaram a obtenção de resultados positivos em 2015.
Em dezembro, o preço médio bruto (incluindo frete e impostos) pago ao produtor foi de R$ 1,0534 por litro, 2,04% menor, em termos reais, na comparação com o mesmo mês de 2014. Com exceção dos estados do Sul, que registraram alta nos preços, todas as outras regiões analisadas tiveram quedas que refletem o período sazonal de safra. A maior alta ocorreu em Santa Catarina, de 1,3%, com o litro na média de R$ 1,028, e a maior queda recaiu sobre produtores da Bahia, de 1,7%. No estado, a média bruta foi de R$ 1,0143 por litro.
Segundo o Cepea, a crise econômica, a instabilidade política, o excesso de chuvas no Sul do país e a promessa de um forte El Niño para os próximos meses têm mexido bastante nas expectativas dos profissionais de laticínios e cooperativas consultados.
Para janeiro de 2016, a maioria dos entrevistados (62,1%), que representam 67,2% do leite amostrado, já espera estabilidade nos preços. Outros 34,5% dos agentes, que representam 31,9% do volume amostrado de leite, ainda acreditam em queda e apenas 3,4%, que representa 0,9% do volume da amostra, acreditam em alta.