Os preços internacionais dos lácteos, que estão em patamares historicamente baixos, devem apresentar uma recuperação somente em meados de 2016, na avaliação de Andrés Padilla, analista sênior do Rabobank.
Em relatórios recentes, o banco holandês projetava uma possível melhora nas cotações para o final deste ano ou início do ano que vem. Em sua apresentação no Congresso Internacional do Leite, nesta quarta, dia 29, em Porto Alegre, Padilla lembrou que a China diminuiu em 50% as importações de lácteos entre janeiro e abril de 2015 na comparação com o mesmo período de 2014, enquanto a Rússia teve queda de 42% nas compras, em igual base de comparação.
Segundo ele, a tendência é de estabilidade nas compras chinesas no segundo semestre, o que deve favorecer o mercado, mas não será suficiente para compensar o desempenho do início do ano, nem para reverter a pressão sobre os preços.
De acordo com Padilla, os maiores produtores mundiais de lácteos ainda não fizeram o ajuste necessário para se adaptar à queda de demanda global.
– Para um equilíbrio de preços teríamos que ter uma queda significativa na produção, mas não é o que se prevê. O aumento da produção, principalmente na Europa, vai continuar mantendo preços pressionados nos próximos meses. E o consumo de lácteos não está crescendo, nem na Alemanha, nem na França, nem no Reino Unido, então todo este aumento de produção europeu deverá ser direcionado para o mercado internacional – avaliou.
– Só esperamos uma trajetória de recuperação de preços internacionais no segundo trimestre do ano que vem. Ainda temos pelo menos nove meses de preços pressionados pela frente – disse.
Ele ainda frisou que desde 2009 o mercado global de lácteos não experimentava um patamar de preços tão baixo, com o leite em pó integral cotado abaixo de US$ 2 mil a tonelada. Segundo o analista do Rabobank, a queda verificada foi de cerca de 50% nos últimos 12 meses.