Os preços dos lácteos, em queda no mercado internacional, devem começar a reagir em meados do próximo ano, prevê o Rabobank. Em relatório sobre o mercado, os analistas Tim Hunt, Tom Bailey e Michael Harvey dizem que os preços mais baixos desses produtos no mercado chinês limitarão o crescimento da produção no país.
Como a demanda interna está crescendo, os estoques devem diminuir e a China precisará importar mais, dizem os analistas. Na Nova Zelândia, as companhias, notadamente a Fonterra, devem liderar o ajuste de oferta entre exportadores, reduzindo preços pagos aos produtores e, por consequência, o leite disponível na temporada 2015/2016.
A desvalorização dos lácteos nos Estados Unidos e na União Europeia também contribuirá para redução da oferta internacional. Por fim, os estoques formados a valores baixos farão processadores reduzirem preço também ao consumidor, o que deve reativar a demanda.
Até agora, o mercado global segue bastante pressionado. A Global Dairy Trade (GDT), plataforma online de vendas desenvolvida pela Fonterra, registrou uma série de dez leilões entre março e agosto deste ano com preços em queda. Neste período, o valor médio dos lácteos comercializados cedeu 46% e atingiu US$ 1,815 mil por tonelada em 4 de agosto.
O primeiro sinal de recuperação veio no pregão desta terça-feira, quando os valores médios subiram 14,8%, a US$ 1,974 mil por tonelada. O leite em pó também avançou, mas segue 48% abaixo do valor verificado no início de março, a US$ 1,521 mil por tonelada.
– A extensão do colapso (de preços), para a maior parte da indústria, superou expectativas. O leite em pó negociado entre US$ 1,4 mil e US$ 1,5 mil por tonelada há anos é encarado como uma coisa do passado – afirmam os analistas do Rabobank.
Segundo eles, participantes do mercado previam que uma combinação de demanda crescente por lácteos nos países emergentes e alta dos custos para a captação do leite impediriam preços tão baixos.
A situação na China foi determinante para o atual quadro. No ano passado, o país começou a cortar suas importações em resposta à menor demanda nacional e passou a abastecer o mercado com a produção doméstica, que cresceu. A China também acumulou grandes estoques da commodity. Além disso, em agosto de 2014 a Rússia baniu importações da União Europeia e de outros fornecedores, o que reduziu o mercado para alguns exportadores.
Por fim, em meio à queda de preços, a União Europeia extinguiu suas cotas de produção de leite e fazendeiros têm buscado aumentar a oferta pensando no longo prazo.