– Ela pode ser o grande vilão. Pode ser o veiculador dos patógenos. Então, a qualidade da água na propriedade rural é importante – explica o produtor.
Todo o procedimento mecanizado, sem contato manual, local adequado para armazenar o leite e a temperatura de quatro graus centígrados são alguns dos cuidados para cumprir a Instrução Normativa 62. A norma substitui outra Instrução Normativa, a 51, e muda os parâmetros para a contagem bacteriana total (CBT) e a contagem de células somáticas (CCS).
A CBT indica a contaminação do leite por microorganismos. O índice foi reduzido de 600 mil unidades formadoras de colônia por mililitro, para 300 mil unidades. A CCS demonstra se há inflamação da glândula mamária. O índice foi reduzido de 600 mil para 500 mil por mililitro.
A norma vale para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país. Produtores do Norte e do Nordeste têm mais um ano para se adequar à instrução normativa. As indústrias são as responsáveis pela realização das análises do leite, todos os meses.
– O Mapa encomendou um relatório junto a rede brasileira de laboratórios, pouco tempo atrás, e cerca de 38% não se enquadravam ainda na normativa – diz o engenheiro da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), Tiago José Cavalheiro.
No Estado de São Paulo, o Programa de Microbacias do Cati já destinou, aproximadamente, R$ 1 milhão para cooperativas e produtores de leite da região de Piracicaba (SP), para a compra de equipamentos que melhoram a qualidade do leite produzido.
– Uma parte desse recurso é subsidiado pelo governo e tem uma contrapartida de 30% a 50% do empréstimo. Esse recurso, na verdade, é pra fortalecer a cadeia e vem desde equipamento pro laticínio de produção, linha de produção, como também a parte de produção no campo, dos produtores – orienta o coordenador do projeto do Cati, Gustavo Ferraz de Arruda Viera.
O produtor que cumpre as exigências da Normativa 62 costuma receber mais pelo litro do produto, são centavos que fazem diferença conforme o volume comercializado, garantindo faturamento. O analista Daniel Bedoya, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), acredita que o investimento para melhorar a qualidade do leite é pequeno e que a indústria tem papel decisivo para que todos os produtores façam as adequações necessárias.
– Se a indústria não propiciar este incentivo ao produtor rural, que seria com bonificação, ou mesmo a penalização se ele trouxer um leite de pior qualidade, ele não terá o incentivo que necessita para o investimento na atividade – aposta Bedoya.