Agricultores familiares do Rio Grande do Sul reclamam da demora na implantação do Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial, o selo Susaf. Por meio dele, pequenas agroindústrias de laticínios e embutidos têm o direito de comercializar produtos para todo o país. Hoje, grande parte da venda fica restrita, o que impede o crescimento de pequenas empresas.
Rafaela Jacobs é dona de uma pequena agroindústria em estância velha, cidade vizinha à Porto Alegre. A matéria-prima que ela comercializa vem das 15 vacas da raça Jersey que mantém em uma propriedade de 13 hectares. Por semana, chega a produzir 400 litros de iogurte e 150 peças de queijo.
O negócio é a principal fonte de renda da família e Rafaela que expandir, mas encontra dificuldades em relação ao selo de fiscalização. “Hoje a gente consta no nosso município somente o SIM, que é o Serviço de Inspeção Municipal, onde nos dá margem somente pra vender dentro do município, e isso impossibilita a gente de crescer, por isso estamos na busca do Susaf”.
A legislação atual determina que os produtos das agroindústrias de laticínios e embutidos só podem ser vendidos dentro do município onde foram fabricados. A implementação do Susaf, no entanto, permite que sejam vendidos para todo o estado e até país. O problema é que, até agora, ele só está valendo em 16 cidades.
Segundo o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Joel da Silva, como poucos municípios aderiram ao Susaf, um dilema acaba se criando. “Um município diz que não tem condições de manter os técnicos, o governo não tem condições de ajudar os municípios, o governo federal também não ajuda, aí ficamos nesse impasse de empurra-empurra e as coisas não andam”, falou.
Uma das exigências para receber o Susaf é ser formalizado. Hoje, pelo menos 9 mil das dez mil agroindústrias do estado não estão formalizadas, sendo que 2,5 mil delas estão em processo de formalização.
Um seminário na Federação dos Trabalhadores da Agricultura do estado reuniu produtores e lideranças para discutir os desafios que o setor tem pela frente. Para Joel da Silva, o segredo é melhorar sempre a gestão da propriedade para produzir com um custo melhor.