Queijos brasileiros são premiados em concurso na França

Fabricantes de queijos brasileiros receberam reconhecimento internacional na última semana durante o Mondial du Fromage de Tours, um dos principais concursos de queijos do mundo, realizado bienalmente na França. O concurso avaliou mais de 700 tipos de queijos de 47 países e 11 produtos brasileiros foram premiados.

Nossos produtos conquistaram um Super Ouro, sete medalhas de prata e três de bronze. O queijo que recebeu o maior prêmio, na categoria Super Ouro, foi enviado direto de Araxá, no interior mineiro, onde é produzido na fazenda Caxambu, da produtora rural Marly Leite.

Segundo Marly, a iniciativa de inscrever o queijo no torneio internacional nasceu durante a 83ª edição da ExpoZebu, quando o queijo recebeu nota 10 pelo mestre queijeiro francês Herve Mons, jurado do evento.

Filha, neta, esposa, mãe de produtores de queijo, Marly Leite mora na zona rural do município de Sacramento, na Serra da Canastra. Até 1992, seu pai produzia queijos na Fazenda Caxambu, quando ele deixou a atividade e mudou-se para a cidade, Marly e o marido, Joel Leite, assumiram a propriedade e continuaram a produção de queijo.

Dos três filhos do casal, dois já estão na atividade. “Minhas funções principais são tirar leite e maturar os queijos. Meu marido é o mais empreendedor da família e batalhou muito por esse queijo. Na fazenda, ele é o responsável pela produção de queijo”, revela. Para ela, o esforço de toda a família foi recompensado com esse importante prêmio recebido na França. “Esse título será uma revolução para o nosso queijo”, disse.

Entre os queijos premiados também estão: o Kankrej, feito com leite de vaca da raça Guzerá, e o Gir, ambos produzidos pelo criador Túlio Madureira, que conquistaram o segundo e o terceiro lugar no Mundial. “Definitivamente, o Zebu se consagra como produtor de leite de qualidade e passa a ser referência para quem quer aumentar a rentabilidade do seu leite. Irei disponibilizar meu conhecimento e esses resultados a todos criadores que se interessarem a entrar para a cadeia dos lácteos. Voltaremos no próximo mundial muito mais fortes”, afirma o criador.

O queijo, segundo Tulio, nasceu de uma parceria de reprodução com a fazenda Ygarapés, tradicional criatório de guzerá, que permitiu o lançamento do queijo Kankrej, conhecido pela textura macia, alto teor de gordura e com sabores intensos. O queijo é indicado como produto de mesa, para ser servido acompanhado de pães. Já o queijo fabricado com o leite da vaca gir apresenta um sabor mais forte, elaborado com leite cru, sal e pingo (fermento lácteo natural responsável pelo típico sabor dos queijos artesanais). Ele é um produto mais duro e seco com leve acidez indicado para ser harmonizado com bebidas mais encorpadas.

Segundo Túlio, a produção de queijo de leite da raça gir é tradicional em sua família, desde que seu irmão comprou algumas vacas há pouco mais de dez anos.