Nesta segunda, dia 16, durante o evento que reuniu produtores em Prata (MG), o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, admitiu que a suspensão das importações brasileiras de leite do Uruguai é provisória e passível de questionamento junto aos órgãos internacionais. “Não é medida definitiva e não conseguimos segurar isso por muito tempo, até porque, se eles recorrerem à OMC ou a qualquer organismo internacional, terão direito de vender leite para o Brasil”, diz.
A suspensão nas compras ocorreu por suspeitas de que o leite não seja totalmente produzido em território uruguaio. O governo avalia que o Uruguai importava da Argentina e reexportava ao Brasil, com custos ainda competitivos em relação ao produzido aqui. Segundo Maggi, técnicos do ministério irão ao Uruguai nesta semana para avaliar o mercado de leite e negociar uma saída para o impasse.
O ministro, que na semana passada cobrou do país a prova de que 100% daquele leite exportado ao Brasil tinha origem local, adotou uma postura mais diplomática e tirou do país vizinho a responsabilidade do aumento nas compras externas da bebidas pelo Brasil. “O Uruguai não é o culpado por isso, mas os nossos importadores são os culpados, pois entram e saem do mercado, derrubando preços. O volume de leite não é tão importante, mas a forma como entra”, afirma.
No entanto, Maggi manteve a posição de que o mercado de lácteos precisa ser regulado com a adoção de uma cota de exportação para o Uruguai, como a de 5 mil toneladas mensais adotada no comércio do produto entre Brasil e Argentina. O ministro defende também a exclusão do leite da lista de produtos com livre comércio entre países do Mercosul, o que já ocorre com o açúcar, por pressão dos argentinos.
Recentemente, o ministro da Agricultura tentou negociar cotas de venda de açúcar com a Argentina com o argumento de que facilitaria as exportações da commodity em um futuro acordo entre Mercosul e União Europeia, mas não obteve sucesso. Maggi diz ter exposto o “grau de deterioração” do setor leiteiro na última sexta, dia 13, ao presidente Michel Temer. Entretanto, admitiu que Temer “fica inibido” em discutir a questão com os países vizinhos por ser presidente do Mercosul.
Maggi afirmou também que o governo tem instrumentos para retirar leite do mercado, com a compra do produto para estoques ou alimentação, mas que não há orçamento para operações desse tipo.