Restrição econômica afeta consumo interno de leite e demanda cai

Segundo o Rabobank, custos de produção devem aumentar até 2020, desafiando produtores

Após uma década de crescimento firme, a demanda por lácteos no Brasil deve começar a recuar, avaliou o Rabobank. De 2015 até 2020, o banco projeta taxa composta de crescimento anual de 0,4%, ante 1,9% no período entre 2010 e 2015 e de 3,7% entre 2005 e 2010. Em contrapartida, os custos de produção devem aumentar até 2020, criando um cenário mais desafiador para a indústria e para os produtores.

De acordo com o relatório, divulgado nesta sexta, dia 11, o consumo de leite deve ser afetado pela retração da economia prevista para este ano e para 2016. O Rabobank espera uma lenta recuperação a partir de 2017.

Neste ano, o consumo interno deve ficar em torno de 174 litros de leite equivalente per capita, estimou o Rabobank, uma queda marginal ante o ano anterior. Em 2016, esse indicador deve cair de forma mais acentuada, para 171 litros de leite per capita, com recuperação gradual a partir de 2017, chegando a 178 litros de leite equivalente per capita em 2020.

consumo doméstico é altamente sensível à renda, explicou o banco, e “em um ambiente de inflação alta, aumento do desemprego e salários menores para novas contratações em relação às demissões, a renda vem caindo em 2015 e deve continuar recuando em 2016”. Outro fator que pressiona a demanda é a redução do ritmo de crescimento populacional e o envelhecimento da população brasileira.

“Mesmo com a previsão de crescimento marginal entre 2015 e 2020, algumas categorias devem ter um desempenho melhor. O consumo de leite longa vida e de queijo deve crescer em volume a uma taxa anualizada de 1% até 2020”, comentou o banco.

Produção

O Rabobank espera um aumento do custo de produção de lácteos, tanto para os produtores quanto para a indústria, em virtude da acentuada desvalorização do real e da inflação alta. Em compensação, a moeda local mais fraca pode aumentar as oportunidades de exportação. 

“Isso vai depender dos preços internacionais e da taxa de câmbio, mas pode ser uma alternativa interessante para o setor focar mais no mercado externo, em um momento de baixo crescimento das vendas domésticas”, alerta o banco.