Quando o assunto é pecuária leiteira, a mastite é sempre lembrada com preocupação por produtores e especialistas. Nos casos mais graves, a doença pode reduzir em até 50% a produtividade diária de um animal.
Produtora de leite há quatro anos em Santa Teresa, no oeste do Paraná, Márcia Martini Stum frisa que a doença deve atingir o rebanho mais cedo ou mais tarde, mas isso não invalida a importância do controle. “Não existe isso de não ter a mastite. Você vai ter em algum momento, então tem que ter o controle, o manejo dos animais, manejo na limpeza, procedimento de ordenha, alimentação. Tudo isso conta”, disse.
A mastite pode ser causada por diversas bactérias que evoluem para uma inflamação na glândula mamária da vaca. O contágio acontece no contato com o ambiente ou com outras fêmeas infectadas. Nas duas situações, a higiene é fundamental para prevenir o problema.
Segundo o médico veterinário Fernando Bracht, algumas ações podem diminuir a contaminação. “A vaca tem que chegar à sala de ordenha limpa, fazer a retirada dos três primeiros jatos, desinfetar com pré-dipping e algumas soluções desinfetantes, preferencialmente o iodo. Dentro desse princípio, secar a teta com papel toalha e, então, acoplar a teteira”, disse o especialista.
Fernando ainda recomenda que, após a ordenha, seja aplicado um desinfetante – o pós-dipping – e que a vaca fique de pé de 40 a 50 minutos para fechar o esfíncter.
Prejuízo
A mastite é considerada por produtores e especialistas a doença que mais causa prejuízos à atividade leiteira. E, apesar disso, o controle nas fazendas está longe de ser o ideal.
Nos últimos dez anos, a média dos produtores avaliados em todo o País não tem avançado no combate à enfermidade. A estimativa é de que pelo menos 30% do rebanho leiteiro do Brasil sofra com a inflamação.
De olho nesses dados, o pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) de Pirassununga, Marcos Veiga dos Santos, mostrou para membros da cadeira leiteira do oeste e sudoeste do Paraná a relação direta do combate à mastite com a rentabilidade do setor. “É uma doença com uma alta frequência, então nós temos um número de animais doentes dentro do rebanho que muitas vezes pode variar de 30 a 40% das vacas. É uma doença que causa prejuízos tanto pro produtor quanto pra indústria leiteira”, disse.
Em Cascavel (PR), durante o Show Pecuário, feira de tecnologia e inovação realizada pelo segundo ano no oeste do Paraná, Marcos apresentou três passos simples para reduzir a mastite: o primeiro deles é ter informação do quadro de mastite no rebanho, quantificar as vacas doentes e os tipos da contaminação e de bactérias causadoras da doença.
Outro cuidado é com a higiene na ordenha. Ele ressalta a importância em realizar o teste da caneca para saber se o leite está visualmente alterado ou testes laboratoriais como o que identifica a quantidade de células somáticas no leite. Por último, ele indica a procura por ajuda especializada para saber qual é o tratamento mais indicado para a mastite.
“O produtor tem que ter o apoio de uma assistência técnica, porque muitas vezes ele não tem muitas das informações e não tem acesso aos métodos e ferramentas de diagnóstico que ajudam a tomar as melhores decisões”, falou o pesquisador.