Diferentemente de análises anteriores, que apontaram um fim inevitável para as principais áreas de pesca, a nova pesquisa, publicada nesta semana na revista Science, indica que medidas tomadas nos últimos anos para conter a pesca excessiva estão surtindo efeito.
Os bons resultados foram verificados em cinco dos 10 grandes ecossistemas marinhos avaliados, o que poderá estimular a recuperação de outras áreas pesqueiras em risco de esgotamento. O estudo teve dois objetivos principais: examinar tendências atuais na abundância de pescado e em taxas de exploração (proporção de peixes retirados do mar) e identificar quais métodos os administradores aplicaram em seus esforços para recuperar os estoques.
Segundo a Communication Partnership for Science and the Sea (Compass), que reúne diversas instituições de pesquisa norte-americanas, o trabalho representa uma importante conquista, uma vez que revela que a taxa de exploração tem sido reduzida em diversas regiões do mundo, resultando em recuperação de estoques pesqueiros.
? Os ecossistemas mais bem administrados estão melhorando, mas ainda há muito pela frente. A maior parte dos estoques precisa de grandes esforços para sua recuperação ? disse Ray Hilborn, da Universidade de Washington, um dos coordenadores da pesquisa.
? O estudo mostra que nossos oceanos não são uma causa perdida. O resultado mais encorajador é que a taxa de exploração ? o maior causador de esgotamento e colapso ? está diminuindo na metade dos sistemas examinados em detalhe. Isso significa que o gerenciamento nessas áreas está promovendo as condições tanto para a recuperação ecológica como para a econômica. Ainda é apenas o começo, mas nos dá esperança de saber que temos a capacidade de controlar a pesca excessiva ? disse Boris Worm, da Universidade Dalhousie, outro coordenador do trabalho.
Os autores ressaltam que o trabalho se centrou principalmente em estoques pesqueiros de países desenvolvidos e que muitas vezes a pesca em excesso simplesmente é deslocada dessas áreas para outras em países em desenvolvimento, nos quais a legislação e o controle sobre a atividade pesqueira são menos rígidos.
Mas há exceções. Um dos estoques analisados foi no Quênia, onde cientistas, administradores e comunidades locais uniram forças para controlar áreas importantes de pesca e restringir certos tipos de equipamentos e técnicas consideradas predatórias. O resultado foi um aumento na quantidade e no tamanho dos peixes e também na receita dos estoques.
As melhores iniciativas, de acordo com o estudo, com as mais destacadas recuperações, ocorreram no Alasca e na Nova Zelândia.