O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lança neste mês de março o projeto “Pecuária de Baixa Emissão de Carbono: geração de valor na produção intensiva de carne e leite”. O projeto faz parte do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC), que visa a organização e o planejamento para adoção de tecnologias de produção sustentável, respondendo aos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil na redução de emissão de gases de efeito estufa (GEE) no setor agropecuário.
O objetivo é disseminar tecnologias que reduzam não só emissões, mas que também estimulem o aproveitamento de resíduos, a gestão de recursos naturais, gerando renda para milhares de produtores. Baseado no projeto “Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono”, que no ano anterior ampliou em mais de 100% a contratação de crédito para tratar dejetos na produção de suínos, a ação do Mapa em parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) se destina ainda a aumentar a contratação de crédito para investimentos na redução de impactos ambientais da atividade agropecuária.
O auditor fiscal federal agropecuário Sidney Medeiros, coordenador técnico disse que o projeto rendeu bom resultado ao Programa ABC. “o volume contratado para investimentos saltou de R$ 12,7 milhões (entre 2010 e meados de 2015) para R$ 25,6 milhões, em apenas 18 meses, além da implantação, manutenção e melhoria do tratamento de dejetos e de resíduos da produção animal para gerar biofertilizante, biogás e energia elétrica”.
Assim como na suinocultura, o projeto “Pecuária de Baixa Emissão de Carbono” terá abrangência nacional e contará com ações como o levantamento das tecnologias que reduzam emissão de carbono e proporcionem Produção Mais Limpa (P + L), além de estudos de viabilidade econômica e implantação de tecnologias. “Daremos acesso a práticas de adoção e expansão de área com sistemas sustentáveis de produção e que também melhorem a eficiência econômica, a fim de reduzir futuros impactos adversos no clima”, ressalta Medeiros. A tecnologia será levantada por consultores do IICA.
Cleandro Pazinato, médico veterinário pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e mestre em Ciências Veterinárias pela UFRGS, e Fabiano Coser, médico veterinário formado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e mestre em Agronegócios pela Universidade de Brasília (UnB), estarão à frente dos estudos de aproveitamento econômico dos resíduos e do uso de biofertilizantes e biogás.
Rebanho brasileiro
O Brasil tem o maior rebanho comercial bovino do mundo, com 214 milhões de cabeças, tendo exportado, em 2015, o equivalente a US$ 5,9 bilhões. O país é o segundo maior produtor mundial de carne, segundo levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), movimentando R$ 167,5 bilhões por ano e empregandp aproximadamente 7 milhões de trabalhadores.
A prioridade destinada à pecuária de corte e leite – esta última uma das mais importantes do complexo agroindustrial brasileiro, com produção de mais de 35 bilhões de litros – tem em vista exigências do mercado consumidor, importância da atividade para a geração de renda e de emprego e o potencial poluidor da atividade pecuária.
Plano ABC
O Plano ABC tem sete programas: Recuperação de Pastagens Degradadas; Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFS); Sistema Plantio Direto (SPD); Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN); Florestas Plantadas; Tratamento de Dejetos Animais e Adaptação às Mudanças Climáticas.