Mato Grosso perde 8,7% da área de pastagem com a seca em 2011

Por outro lado, número de animais em confinamento registrou alta de 29% no período, de acordo com a AcrimatPelo menos 8,7% da área de pastagem de Mato Grosso foi comprometida com a estiagem em 2011. De acordo com o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, dos 26 milhões de hectares de pastagens, 2,2 milhões morreram com a seca, desencadeando uma série de mudanças no setor. O rebanho bovino do Estado é o maior do Brasil, com mais de 29 milhões de cabeças.

– Com a falta de pasto, o pecuarista teve que buscar alternativas para engordar o gado e encontrou saídas no confinamento, suplementação alimentar e no semiconfinamento, sendo este último, o grande negócio de 2011 – analisa.

Lazari aponta que esse cenário pode ser constatado na comparação do preço da arroba do boi gordo nos último nove anos, quando historicamente os valores no mês de outubro (entressafra) sempre foram superiores aos de maio (safra). A sequência foi quebrada em 2011, quando a cotação de outubro foi 0,6% menor que a de maio, por conta de uma maior oferta de boi gordo de confinamento e semiconfinamento. O levantamento demonstra que, em 2003, o preço da arroba em outubro foi 18,1% superior à de maio, em 2006, 23,1%, e em 2010 foi de 18,4%, segundo levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

 – Abatemos mais boi na entressafra do que na safra em 2011, o que comprova que essa é uma tendência de mercado e que o produtor está investindo em confinamento e semiconfinamento. Isso tornou o ano de 2011 muito estável – explica.

Confinamento e abate

O número de animais confinados em 2011 no Estado registrou crescimento de 29% em relação a 2010 e a evolução do rebanho confinado nos últimos seis anos chegou a 548%. Comparando o preço da arroba do boi gordo entre 2010 e 2011, a variação foi de 15,3%.

Já o abate de bovinos até 24 meses cresceu 40%, em consequência de investimento em tecnologia por parte dos produtores, conforme Vacari. Em relação a animais de 24 a 36 meses, o número cresceu 7,74% e acima de 36 meses 13,15%. De janeiro a novembro de 2011, foram abatidas 4,4 milhões de cabeças, um acréscimo de 11,53% em relação ao mesmo período de 2010.

Enquanto isso, acrescenta o dirigente, apenas 52,68% da capacidade industrial instalada em Mato Grosso foi utilizada. Das 42 plantas registradas pelo Serviço de Inspeção Federal no Estado, 15 estão paradas em decorrência dos processos de recuperação judiciais iniciados em 2008.

– O retorno de abate dos frigoríficos fechados é uma necessidade eminente para Mato Grosso e sem dúvida esse será um dos grandes desafios do setor – pondera.

Mercado externo

As exportações da carne bovina mato-grossense caíram 11,2% em 2011, em comparação a 2010. Em contrapartida, a receita com a venda do produto no mercado internacional apresentou um aumento de 16%, impulsionada pela alta do preço da carne exportada e do dólar. O volume exportado foi de 195,2 mil toneladas equivalência carcaça em 2011, com uma receita de US$ 790,5 milhões.

O embargo da Rússia impactou nos números de Mato Grosso. As exportações para o país representavam 26% da carne exportada pelo Estado em 2010 e no ano passado os russos compraram apenas 14% até junho, quando o embargo começou. Em compensação, a Venezuela, que representava 7% das exportações em 2010, subiu para 18% no ano passado.

– Esse é um problema que já passou da hora de o governo brasileiro resolver, pois a Rússia é um mercado importante não só para Mato Grosso, mas para o país – salienta Vacari. 

Diferença recorde

Em 2011, mais um recorde foi batido. A diferença entre o preço da arroba do boi gordo e da carne bovina do varejo foi a maior registrada desde 2005, quando o levantamento começou a ser feito. Nos últimos seis anos, o preço médio pago pela arroba no Estado acumulou uma valorização de 79,19%. No varejo, o preço da carne vendida ao consumidor final teve um aumento de 186,75%. Isso fez com que o diferencial entre os dois elos passasse de 53% em dezembro de 2010 para 108% em dezembro 2011.  

– Os supermercados apostam na fidelidade do consumidor na compra da carne. Para mudar essa realidade, o cliente tem que adquirir o produto em locais que vendem mais barato para provocar queda nos preços – diz.