Medidas protecionistas da Argentina prejudicam vendas de grandes exportadoras de Santa Catarina

Demora na liberação das compras pode culminar na abertura de unidades de produção de frango e suínos no país vizinhoAs novas medidas protecionistas implantadas pelo governo argentino no início do mês já estão agravando a situação das exportações catarinenses para o país vizinho. Entre as 23 principais empresas exportadoras do Estado, 20 disseram que serão afetadas pelas barreiras. E para 17 delas, o impacto será muito forte, aponta pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc).

Demora na liberação para entrada de produtos brasileiros na Argentina afeta, principalmente, os setores têxtil, cerâmico, de tecnologia, de alimentos e de eletrodomésticos.

Quem quiser importar o que quer que seja, na Argentina, é obrigado a apresentar uma declaração juramentada e antecipada à Secretaria de Comércio Exterior do país. A análise do documento para a liberação ou não da compra demora até 15 dias úteis. Como explica o diretor de Relações Industriais da Fiesc, Henry Quaresma, o atraso nos processos dessincroniza as exportações das empresas, principalmente das de médio porte, que utilizam apenas o transporte rodoviário para enviar os pedidos.

O presidente da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), Enori Barbieri, diz que as medidas protecionistas podem culminar na abertura de unidades de produção de frango e suínos – hoje importados – na Argentina. Segundo ele, a sucessão de barreiras protecionistas podem chegar a um ponto, em que será imperativo às indústrias catarinenses começarem a produzir no país vizinho.

De acordo com a Associação Brasileira de Transportadores Internacionais (Abti), a nova barreira argentina já representa US$ 800 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão) em produtos que não atravessaram a fronteira na primeira quinzena deste mês. Quaresma, da Fiesc, ressalta que, apesar das intervenções da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), o governo brasileiro ainda não se manifestou contra a medida argentina.