Atualmente no país não se imagina a compra de um reprodutor sem que o animal tenha passado por um programa de avaliação. Um investimento, que, segundo especialistas, tem agregado valor ao rebanho.
— Em estudos da nossa empresa, nos vendemos sete mil touros em 2010, alguns com e outros sem avaliação genética. A diferença entre eles está na valorização, que estava acima de 30%. Eu acho que esse distanciamento vai ser cada vez maior. O cliente vai investir, mas ele quer investir com segurança — afirma o diretor da Central Leilões, Lourenço Campo.
— A pecuária precisa aumentar o seu nível de tecnologia. Ou ela se intensifica ou ela perde a capacidade de competir com a agricultura, como, por exemplo, hoje está acontecendo com cana, com eucalipto, com borracha, coisas da agricultura que estão tomando espaço da pecuária. Para que a pecuária se mantenha ela precisa ser mais rentável — diz o professor de Zootecnia da Universidade de São Paulo, José Bento Ferras.
Os administradores de uma fazendo no município de Piacatu, no interior de São Paulo, investiram em tecnologia e viram o lucro da empresa aumentar entre 2000 e 2010. Uma cabeça de gado, que valia R$ 234, passou para R$ 469, ganho de mais de 100%. A melhoria nos resultados financeiros começou a ser projetada em 1994, quando o grupo decidiu investir na produção de touros com certificado especial de identificação e produção. Em parceria com universidades de São Paulo e Goiás criaram programas de avaliação genética e eficiência alimentar.
— Com base na avaliação genética é que a gente identifica os melhores indivíduos e também os piores. Eu acho muito importante saber quais são os piores para que se possa eliminar esses animais do processo de seleção — explica o diretor do Programa de Melhoramento Genético, Leonardo Souza.
Com a cultura de cana-de-açúcar se expandindo de forma veloz na região de Piacatu, o objetivo da empresa de Souza era agregar valor à produção, para garantir a competitividade da pecuária de corte, explorada nas quatro fazendas do grupo, no Estado de São Paulo.
Com foco econômico, a agropecuária CFM atua há mais de cem anos no Brasil e teve um programa de melhoramento genético pioneiro no país, o primeiro a receber o Certificado Especial de Identificação e Produção (Ceip), do Ministério da Agricultura para criação de nelore. Criado em 1992 e regulamentado em 1995, o Ceip é um controle de pedigree dos animais, onde constam informações individuais, como peso no nascimento, na desmama, reprodução das fêmeas e precocidade sexual, entre outras.
— Esse banco de dados vai para uma universidade, que roda a avaliação genética e aí essa informação volta para o rebanho, volta para a CFM, e a gente seleciona como touro os melhores 30% dos animais por essa avaliação genética — explica Luís Adriano Teixeira, coordenador de Pecuária da Agropecuária CFM.
De acordo com Teixeira, a pecuária passa por um momento de pressão, vista por ele, como um fator positivo.
— O acionista falava assim: tem que dar retorno, tem que dar dinheiro. A fazenda hoje pode ser agricultura, pode ser cana, pode ser floresta, várias atrações que a pecuária tem que competir. Isso é bom, porque isso realmente força a ser encarada de uma forma profissional — comenta.