O Brasil tem uma importância muito grande no mercado de couro: é o segundo maior exportador do mundo. Do total produzido, 70% é destinado ao mercado externo. Os outros 30% ficam no país, sendo que 20% é utilizado apenas na indústria do calçado.
– O consumo de calçados, artefatos e couros está crescendo. O setor de curtume no Brasil está bem preparado para atender essa demanda, porque fornecemos para os principais países do mundo: Estados Unidos, Itália, China, Vietnã, Taiwan. Mais de 80 países. Então, não teria problemas em abastecer o mercado local – explica o presidente do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil, José Fernando Bello.
A empresa de curtume Fuga Couros possui indústria em quatro Estados brasileiros e exporta mais de 70% do que produz. O couro é 100% bovino, mas eles começaram há 65 anos, com couro de porco, que, segundo eles, hoje é escasso no mercado.
– Hoje, o couro bovino está mais escasso, houve redução do abate, mas é um produto que tende a ser mais nobre. Investimos nele, embora, em nosso mercado, para agregar valor, fazer o manufaturado, conseguir exportar o couro acabado ou o sapato e a bolsa, o custo é muito alto, sendo que 70% da nossa produção é exportada em matéria-prima, em wet blue curtido – destaca o gerente comercial da Fuga Couros, Nikolas Fuga.
Já a empresa de couros Natur investe em verniz e textura, mas divide o que produz entre os mercados nacional e internacional, preferindo não exportar mais para não sentir os efeitos da oscilação do dólar.
– A empresa sempre visou trabalhar o mercado interno e externo. Apesar de o mercado externo estar bem aquecido, no mercado interno a gente desenvolve mais, buscando outras alternativas para conseguir manter os dois mercados. Não é interessante focar só na exportação, que hoje está muito bem, mas não sabemos como vai estar em alguns meses. A gente procura manter os dois mercados – diz Deisiane Melo, do departamento comercial da Natur.
Se a indústria fatura bem com a exportação do couro, os pecuaristas reclamam do contrário. É o caso de criadores como Ricardo Viacava, que possui grandes fazendas e afirma que quem está no campo praticamente não fatura com esse setor.
>> Assista entrevista com o presidente do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil, José Fernando Bello