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O mercado está para peixe nativo

De acordo com a Embrapa, o mercado de peixes nativos cresce 25% ao ano

Fonte: Jefferson Christofoletti/Embrapa

Investir em peixes nativos pode ser um excelente negócio. “Esse mercado cresce a taxas bem superiores ao da tilápia, o que mostra que o peixe nativo já caiu no gosto do brasileiro”. Essa é a afirmação do Chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pesca e Aquicultura, Alexandre A. Freitas. Segundo ele, enquanto o mercado de tilápia cresce a uma taxa de 17% ao ano, o de alguns peixes nativos como o Pirarucu cresce a 25% ao ano.

“Mas é preciso admitir que o mercado persegue algo similar à tilápia (filé porção sem espinhas). Isso significa que teremos que evoluir no sistema de produção para que as espécies nativas ofereçam essas mesmas possibilidades”, afirma Freitas. 

Segundo o especialista da Embrapa, o que se verifica nas gôndolas dos supermercados é que a maioria dos pescados é vendida no formato de filé em posta. “O consumidor quer praticidade”, diz. Além disso, uma pesquisa do IBGE realizada em 2010 mostrou que 55% do consumo de peixes é feito fora das residências. “Talvez o grande mercado para o peixe nativo não seja o doméstico, mas o mercado gourmet”, constata.
Além do uso de espécies nativas no mercado gourmet, outras tendências apontadas por Alexandre Freitas são o uso de peixes nativos pela gastronomia asiática, como os restaurantes especializados em comida japonesa, e a busca por novos produtos e cortes diferenciados.

Para o Secretário Executivo da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), Francisco Medeiros, é necessário  criar políticas públicas específicas para o setor  e investir em tecnologia para aprimorar o nicho de piscicultura nativa no Brasil. “O setor de peixes nativos está crescendo, mas ainda é muito disperso e sem logística”, afirmou. “Sabemos que 80% da produção de peixes nativos ainda é vendida do mesmo jeito que após o descobrimento do Brasil, ou seja, não tivemos evolução no processamento do peixe in natura”, afirma Medeiros.

Dados da Peixe BR mostram que, das 638 mil toneladas de peixes produzidos anualmente no Brasil, 300 mil são de tilápia e o restante de peixes nativos. A atividade movimenta cerca de R$ 4 bilhões/ano, gera 1 milhão de empregos diretos e indiretos e cresce a taxas superiores a 10% ao ano.

Apesar da grande oferta de nativos, o consumo de peixe importado no Brasil é de 2kg/habitante/ano, enquanto que o de espécies nativas é de apenas 1,69 kg/habitante/ano. “O nosso consumo de peixe nativo ainda é muito baixo”, afirma Francisco.

Além de melhorar o aspecto tecnológico e de mercado, Francisco também acredita que é preciso criar hábito e memória afetiva para os peixes nativos. Dourado, Pacu , Pirarucu, Surubim e Tambaqui são apenas alguns exemplos da grande diversidade de peixes nativos disponível no mercado.

“Temos que ter um produto que atenda a nossa população, um peixe que seja acessível a quem não tem condição de comprar peixe”, diz. “O que fazemos com peixes nativos no Brasil é um milagre; não há exemplos de desempenho econômico igual”, conclui.

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