Num almoço de negócios que ocorreu nesta terça, dia 12, em São Paulo, representantes do setor falaram dos problemas enfrentados até agora e desta expectativa. O governador do Estado, José Serra, foi um convidado pra saborear o prato principal: filé mignon de carne suína.
O objetivo é acabar de vez com aquela confusão em que o mercado de carne suína foi envolvido por causa da gripe A. A presença do governador José Serra no almoço foi uma demonstração clara de apoio ao setor que teve uma queda considerável em faturamento nos últimos meses.
? Não há motivo algum pra deixar de comer por causa da idéia da gripe que leva o nome de gripe suína (A), mas não significa que comer a carne de porco faz pegar esta gripe. De jeito nenhum ? declarou Serra.
? Esse encontro tem um significado importante de nós, junto com o governo do Estado, tentarmos alavancar o consumo no mercado interno ? completou o presidente da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS), Waldomiro Ferreira.
Num levantamento da associação, o preço do quilo pago ao produtor caiu entre 10 e 15% nas últimas semanas por causa das notícias sobre a gripe.
O consultor de mercado Jorge Eduardo de Souza diz que o problema não é de agora. Ele explica que a situação ficou ruim a partir de outubro, por causa da crise internacional. Em dezembro, o preço do quilo da carne pago ao produtor estava em R$ 3,80. De lá pra cá, apenas caiu, chegando a R$ 2,15 em março. Agora, o mercado está se recuperando, independente da gripe.
? Nada de absurdo aconteceu. Os preços continuam estáveis e as demandas com o nosso produto continuam normais até aquecidos. Acho que está até havendo um desequilíbrio entre a oferta que nós estamos conseguindo fazer e a procura que está aparecendo nos mercados globais ? disse Souza.
Um outro levantamento, agora da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, um dos Estados que mais produz, confirma esta situação favorável neste momento. No mês passado, os produtores e a indústria mineira, conseguiram aumentar o volume e a receita com as exportações de carne suína.
Em abril, o setor faturou no Estado US$ 7,6 bilhões com as vendas externas da carne,
36,22% a mais se comparado com abril do ano passado. Em quantidade, Minas exportou quase quatro milhões de toneladas no último mês, 4,5% a mais do que no mesmo período de 2008.
Dados da Abipecs, a Associação das Empresas Exportadoras, confirmam o bom momento do setor em todo o país. Em abril, foram exportadas quase 54 mil toneladas de carne suína do Brasil, 10,8% a mais que em abril de 2008. A Rússia, principal cliente da carne suína brasileira até aumentou as exportações no último mês: comprou 27 mil toneladas, 11% a mais do que em abril do ano passado.
? Os números são bons, foram até positivos, acima da expectativa. Os números dos primeiros dias de maio, que nós tivemos acesso nesta terça continuam bons. Estamos exportando com preço baixo, mas estamos exportando. Já é alguma coisa ? afirmou o presidente da Abipecs, Pedro de Camargo Neto.
As novas estatísticas bem que combinam com o cardápio desta terça-feira no restaurante fino de SP, que deve ter deixado os convidados satisfeitos. E são sinais claros e, segundo os especialistas, previsíveis da recuperação.
? A procura por nossos animais a nível global vai aumentar com certeza, porque o mundo não está tão suprido de estoque, como esteve há seis, oito meses. Hoje, estão comprando para consumo e não mais pra armazenar, e o hábito de consumo é muito forte nos países europeus e nos países asiáticos. Eles dependem muito desta carne e não tem nenhum player capaz de ofertar grandes volumes a curto prazo. Acho que é um cenário pró produtor de suíno brasileiro.
Nós vamos ter um período confortável de 10, 12 meses de bons preços, sem precedentes, acho que podemos, e espero comemorar este ano com a volta dos R$ 3,50 a R 4 o quilo do animal ? completou Jorge Eduardo de Souza.
A gripe A (H1N1), que foi identificada no México por volta do dia 24 de abril, até agora não tem repercutido negativamente nas vendas brasileiras de carne suína, seja no mercado externo ou interno. O Brasil exportou 17,57 mil toneladas entre os dias 1º e 10 de maio, segundo informações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Nos dez primeiros dias de maio, a Rússia continuou liderando o ranking dos maiores importadores. Comprou, no período, 10,84 mil toneladas. Em seguida estão Hong Kong, Ucrânia, Angola, Cingapura, Argentina, Uruguai, Albânia, Moldávia e Geórgia.