Apesar das restrições impostas pela Rússia, agosto foi um mês de recuperação para as exportações de carnes. Na comparação com julho, o volume exportado de carne suína in natura subiu 17% e a receita aumentou mais de 20%. Na carne bovina, houve aumento de 8% no volume e de 11% no faturamento. A carne de frango também encerrou agosto com números positivos em relação a julho: alta de 14% em volume e 6,3% em receita na comparação com o mesmo mês do ano passado. A avicultura é exceção, mantendo volumes e receita positivos. Já as indústrias de carne bovina e suína têm desempenho pior que o de agosto de 2010.
O embargo da Rússia começou dia 15 de junho. Os exportadores admitem que esperavam uma solução mais rápida, mas ela não veio e cada segmento avalia o impacto do problema sobre as vendas externas. Mesmo perdendo espaço no mercado russo, os setores de carne bovina e de frango, pelo menos, esperam que a recuperação das exportações se mantenha nos próximos meses.
A Abiec, que representa o setor de carne bovina, afirma que o atendimento a Rússia foi mantido por plantas que estão fora da área embargada. Mesmo assim, a participação do país no faturamento do setor caiu de 25% até junho para 23% até o mês passado. Segundo o diretor da entidade, Fernando Sampaio, a espera por uma solução para o embargo afetou os negócios com os russos. Por outro lado, outras regiões compraram mais produto brasileiro.
? O Brasil tem recuperado um volume muito grande na América Latina, principalmente Venezuela e Chile. Tivemos uma recuperação em alguns países do Oriente Médio. O Egito, depois dos problemas políticos voltou a comprar bastante carne brasileira e a China também. China e Hong Kong têm se destacado. Os volumes têm aumentado para aquela região e isso pode indicar uma tendência de que pode ser cada vez mais um destino importante para as exportações brasileiras ? ressalta o diretor-executivo da Abiec.
A Rússia teve menor participação também nas exportações de carne de frango do Brasil. Por causa do embargo passou de 4% para 2%. O presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef ), Francisco Turra, defende que a própria presidente Dilma Rousseff entre na negociação com os russos. Enquanto isso, explica que a perda de espaço no país europeu foi compensada por outros mercados.
? Todo o Oriente Médio passou a comprar muito. Nós tivemos um aumento muito expressivo de vendas para o Orienta Médio e a própria China comprou muito. Comprou o dobro da média normal dos outros meses. Se um mercado recupera, como foi o caso da China, nós temos um ganho compensando o estrago que nos fez o embargo russo ? afirma.
A produção do Canal Rural entrou em contato com a Abipecs, que representa os exportadores de carne suína. Segundo a assessoria da entidade, os dados consolidados do mês de agosto vão ser divulgados ainda nesta semana. Até lá, não seria possível atender a reportagem. A Rússia responde por mais de 40% das exportações de carne suína do Brasil.