O assunto ganhou repercussão na semana passada e chegou a ser discutido nos bastidores do encontro que reuniu representantes dos 11 países integrantes da Comissão Sul-Americana para a Luta Contra a Febre Aftosa (Cosalfa), em Recife (PE). Em nota técnica assinada por Cleber Taylor Melo Carneiro, coordenador de produtos veterinários do ministério, o governo federal informou que estava ciente da existência do antígeno com o cepa. Porém, o comunicado acrescenta que a unidade da empresa foi auditada pelo ministério no ano passado e não foram verificados indícios de manipulação do vírus.
O superintendente do ministério no Rio Grande do Sul, Francisco Signor, tranquiliza os produtores gaúchos e afirma que a possibilidade de o vírus vir a afetar o Estado é remota.
? Não tivemos conhecimento de nenhuma denúncia por aqui (no Rio Grande do Sul), mas, se a espécie existe, supõe-se que já se tenha controle sobre ela.
De acordo com Eraldo Leão Marques, diretor do departamento de defesa agropecuária da Secretaria Estadual da Agricultura, o Rio Grande do Sul só trabalha com produtos para controlar três cepas: A24 Cruzeiro, O1 Campos e C3 Idaial. Em caso de contaminação com outra espécie, as vacinas utilizadas no Estado não teriam como combatê-lo. Por essa razão, o controle regional é bastante rígido.
? Se, por acaso, algum produtor comprasse essa vacina, teria de apresentar nota fiscal, seria autuado e teria a sua propriedade interditada. Não seria nada vantajoso para ele ? explica Marques.
Com o objetivo de proteger o gado brasileiro, a Câmara Setorial da Carne Bovina de São Paulo encaminhou ao ministro da Agricultura, Wagner Rossi, um pedido para que o governo retenha os lotes de vacina contra febre aftosa do laboratório argentino ainda não liberados pelo Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro). Além disso, a entidade solicitou ao governo que suspenda a validade da licença do laboratório.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Biogénesis-Bagó declara que desde fevereiro de 2008 não manipula o vírus vivo de febre aftosa da cepa O-Taiwan e que o produto estaria sendo produzido por meio de um banco de antígenos inativo, de conhecimento das autoridades regulatórias brasileiras.