Os denunciados são João Cristiano Pranke Marx, Angelica Caponi Marx, João Irio Marx, Alexandre Caponi, Daniel Riet Villanova, Paulo Cesar Chiesa, Arcidio Cavalli, Rosilei Geller, Natalia Junges, Cleomar Canal, Egon Bender e Senald Wachter.
Segundo a denúncia assinada pelo Promotor de Justiça Mauro Rockenbach, no período entre dezembro de 2012 a maio de 2013, todos se associaram para adulterar o leite in natura, adicionando água e ureia, que contém formol em sua composição.
Esquema desarticulado
Conforme a acusação do Ministério Público, João Cristiano Pranke Marx e Daniel Riet Villanova eram os responsáveis por todo o esquema de adulteração do leite. Enquanto Marx adquiria ureia e gerenciava a compra da mistura química utilizada, fazendo os contatos entre todos os participantes do esquema e definindo a função de cada um na cadeia criminosa, Daniel era o intermediador e encarregado do recebimento do leite no posto de resfriamento da Marasca, fazendo “vista grossa” para a adulteração.
Angelica Caponi Marx, além de ter adquirido ureia, administrava toda a organização criminosa, oferecendo suporte ao marido, João Cristiano Pranke Marx, a seu sogro, João Irio Marx, e a seu irmão, Alexandre Caponi. Era ela quem fazia os contatos telefônicos e repassava ordens aos integrantes da organização.
Já o denunciado João Irio Marx também adquiriu ureia. Em um galpão de madeira localizado aos fundos de sua casa é que ocorria o armazenamento dos produtos químicos, a preparação da mistura cancerígena e adição da substância proibida, junto com a água retirada de um poço artesiano (que continha coliformes fecais, conforme laudo da Univates), aos tanques dos caminhões que ali chegavam.
– Para a consumação do crime e até para despistar possíveis escutas telefônicas, os denunciados se utilizavam de metáforas nas falas, tais como, “brique”, “saguzinho” e “sopa”, que indicavam a designação da mistura química (ureia contendo formol) utilizada na adulteração do leite – destaca o Promotor Mauro Rockenbach.
Alexandre Caponi (irmão de Angélica), Arcídio Cavalli e Cleomar Canal também contribuíam e participavam ativamente da cadeia. Além de fornecerem suporte e apoio logístico ao esquema fraudulento, adicionavam a mistura nos tanques dos caminhões da empresa e faziam o transporte do produto adulterado. Documentos e notas fiscais comprovam que Arcídio Cavalli adquiriu 382,5 mil quilos de ureia. Como sócio da Rádio CBS Ltda., ele também franqueava sua emissora aos demais denunciados a fim de facilitar o contato entre o grupo.
– Quando um integrante do esquema oferecia uma música sertaneja para um dos comparsas estava, na verdade, orientando a forma de proceder da adulteração – explica Mauro Rockenbach.
Paulo Cesar Chiesa participava do esquema como parceiro dos denunciados João Cristiano Pranke Marx e Daniel Riet Villanova, dando ordens, preparando e adicionando a mistura nos caminhões. Por sua vez, Rosilei Geller e Natália Junges, ambas funcionárias do posto de resfriamento instalado nas dependências da Marasca, agiam por ordem de Villanova como facilitadoras do esquema criminoso, exercendo o papel de informantes da quadrilha, repassando dados, fazendo contatos telefônicos e avisando os motoristas dos caminhões acerca da fiscalização do Ministério da Agricultura. “Eram as olheiras da associação criminosa”, explica, na denúncia o Promotor Mauro Rockenbach.
Egon Bender tinha ciência da adulteração de leite praticada pela quadrilha, tanto é que fornecia a quantia mensal de 1,2 mil litros de leite a João Cristiano Pranke Marx, mesmo não possuindo nenhuma vaca em sua propriedade e estando inativo desde 2010. Por fim, Senald Wachter, produtor rural, fazia parte da organização fornecendo leite adulterado a João Cristiano.
Na denúncia oferecida pelo Ministério Público, também é descrita a maneira como os participantes ocultaram e dissimularam a natureza e a origem dos valores provenientes do crime de adulteração da substância alimentícia.
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