Eles foram encontrados em uma casa abandonada há anos em um terreno na localidade de Cadeados, distante cerca de cinco quilômetros do centro da cidade. O proprietário da área informou à Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) que enviou uma equipe até o local para avaliar a situação e periculosidade do problema.
Os animais medem cerca de 10 centímetros e pesam no máximo 200 gramas. Apesar do pouco tamanho, se um deles estiver contaminado com o vírus da raiva um rebanho inteiro pode ser perdido.
Segundo Valmor Bagio, veterinário responsável da Cidasc de Lages, esta espécie de morcegos se alimenta exclusivamente de sangue e tem hábitos noturnos.
– Eles saem à noite para procurar alimento e as presas são sempre animais vertebrados. Eles atacam geralmente no pescoço, que é um local de difícil defesa para esses animais – explica o veterinário.
Os morcegos hematófagos são totalmente cegos, e se locomovem por radar. Os sensores térmicos que eles possuem nas narinas facilitam a localização de uma veia próxima da pele da vítima e os dentes incisivos fazem um rápido corte.
Uma refeição completa pode levar até 20 minutos de sugação. Um anestésico na saliva dos morcegos reduz a probabilidade de a vítima sentir alguma irritação com a mordida inicial, percebendo o ataque só após alguns minutos.
De acordo com Bagio, os morcegos atacam em uma região de até 15 quilômetros e que há tempos a Cidasc já recebia denúncias de mordeduras em animais na região, mas o foco nunca havia sido encontrado.
A partir de agora, a companhia ficará responsável pelo controle dos morcegos que estão tirando o sossego dos produtores da região à noite. O primeiro passo, que já foi dado, foi capturar alguns morcegos e passar em suas costas um produto anticoagulante.
– Depois da alimentação, os morcegos têm o hábito de lamberem-se uns aos outros. Com esse produto que passamos neles, os morcegos que lamberem vão morrer asfixiados. Nossa primeira meta é reduzir a população deles nessa região – afirma Bagio.
O segundo passo será levar um dos morcegos capturados a um laboratório especializado, para que seja comprovada ou não a existência do vírus da raiva no animal.
O veterinário acredita que não haja, pois, no caso de os animais atacados terem sido contaminados, vários deles já teriam morrido, já que a raiva mata bovinos, por exemplo, em cerca de 20 dias.
Depois disso, o grande desafio da Cidasc será o controle dos morcegos. Segundo Bagio, em Lages existem vários focos, mas nem todos são sanguinários e todos são monitorados e controlados pela companhia, a fim de que não prejudiquem produtores.
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