• Segundo cavalo é isolado em Mato Grosso com suspeita de mormo
De acordo com o secretário da Associação Brasileira dos Médicos Veterinários de Equídeos (Abraveq), Neimar Roncati, estes casos comprometem não só a exportação de animais para o mercado exterior, mas a própria participação do Brasil em competições internacionais.
– A gente tem em agosto deste ano o Mundial de Equinos, que vai acontecer na França, na Normandia. Temos um problema sério para levar os animais para o país europeu porque nós somos um país que tem esta doença e eles restringem o envio de animais.
Nos equinos, o mormo não tem cura e os animais com a doença precisam ser sacrificados.
– É uma doença contagiosa, causada por uma bactéria, e pode ser facilmente transmitida tanto de animal para animal quanto de animal para o ser humano, por conta da disseminação de secreções nasais, de saliva, de secreções de feridas que se formam na pele – explica Roncatti.
Outras zoonoses
Casos de mormo em humanos são raros e não há registros no Brasil. A doença foi um dos temas abordados no congresso da Abraveq, que aconteceu em Campos do Jordão neste final de semana. O congresso também discutiu a contaminação de profissionais com outras zoonoses, devido ao grande contato dos médicos veterinários com animais, como a doneça de lyme-símile.
O exame de sangue é uma das maneiras de se descobrir se a pessoa tem os anticorpos da bactéria causadora da doença de lyme-símile. Porém esta doença ainda é muito desconhecida e muitas pessoas podem ter contraído a bactéria e não sabem. Foi o que aconteceu com a veterinária Roberta Basile. Após ser picada por um carrapato, Roberta passou a sentir dor de garganta, nos músculos e de cabeça, além de febre baixa. Depois de algumas idas ao médico, pediu o exame para lyme-símile.
– Para o cavalo ela não é uma doença perigosa. Porém se o carrapato picar o cavalo e picar os funcionários, os veterinários, os proprietários, esses podem adquirir a doença e aí é que está o problema. Porque nos humanos ela é bastante severa e pode ser inclusive crônica – diz Roberta.
A médita veterinária fez tratamento com antibióticos e está curada. Se não tratada, a doença de lyme-símile pode evoluir para artrite.
Fernanda Mafra Cajú, outra médica veterinária que esteve no congresso, tem um hospital de cavalos em Pernambuco, e conta que já foi picada muitas vezes por carrapatos. Por isso, resolveu fazer a coleta para o exame da doença, que foi oferecido aos participantes do congresso da Abraveq.
– Eu só conhecia a febre maculosa, que era uma das coisas que poderia ser passada pelo carrapato – diz Fernanda.
Pessoas que lidam muito com cavalos devem estar sempre atentas à região em que estão atuando. Se estão trabalhando com um cavalo que está muito infestado de carrapato, devem chegar em casa e fazer uma inspeção minuciosa para ver se não ficou nenhuma larva ou ninfa de carrapato, que são pequenas, escondidas em locais de difícil visibilidade.