— Eram garanhões provados, animais que já tinham performance como indivíduos e como pais extremamente comprovados dentro da raça. Eram animais, que apesar de jovens, já tinham filhos começando a campanha com excelente performance. Quando se perde animais desse nível, dessa qualidade, é sempre um baque genético na raça crioula — afirma o técnico da ABCCC, Rodrigo Albuquerque Py.
A perda se torna ainda maior quando é levada em conta a regra de inseminação da raça. O atual regulamento da ABCCC não permite a utilização de sêmen congelado de cavalos que já morreram.
— Na verdade, esse é um regulamento novo que a ABCCC implantou e está em fase de testes. A explicação para não abrir de cavalos mortos é de preservar determinada genética para que isso no futuro não venha a prejudicar o mercado de garanhões. É uma forma de preservar essa inseminação e testar. Talvez futuramente vá ser alterado, mas é uma forma de não abrir totalmente no início — explica Py.
Em março de 2012, a Estância Carapuça, do município de Cristal (RS), perdeu precocemente BT Lamborguine, cavalo que norteava praticamente todo o trabalho da criação, sendo grande campeão da Expointer, pai de uma grande campeã, de uma reservada grande campeã e uma terceira melhor fêmea, além de uma campeã do Freio de Ouro.
— Era um cavalo novo ainda, tinha um futuro brilhante como reprodutor e pai de cabanha. Pegou bem de surpresa — diz Roberto Crespo, administrador da cabanha.
A cabanha estocou 300 doses de sêmen do animal com a esperança de alguma mudança no regulamento.
— O sêmen está guardado na central. Talvez futuramente, quando a associação quiser mudar as regras, a gente tenha um patrimônio genético para usar ainda — comenta o administrador.
Enquanto isso é preciso achar novos reprodutores. O mercado da raça já se movimenta nesse sentido, com a tendência de vender garanhões provados, em cotas.
— Morrem cavalos, consequentemente há uma busca por um número maior de garanhões. Há uma carência no mercado por cavalos bons e provados, então quem tem começa a abrir parte dessa genética para que outros criadores tenham acesso a essa genética — comenta o técnico da ABCCC.
Na Estância Carapuça, RZ Rodopio da Carapuça, filho de Lamborguine, começa a se destacar. O animal conquistou a quinta colocação no Bocal de Ouro e, há poucos dias, uma filha dele venceu uma prova de doma realizada pelo próprio cabanheiro da estância, que era o companheiro fiel de BT Lamborguine.
— Creio que os filhos do Rodopio vão surpreender muito também, porque essa égua, a primeira que eu peguei do Rodopio já dá essa alegria para todos nós. Quanto ao Lamborguine, esse não tem igual. Foi o carro-chefe da Carapuça e vai ser difícil encontrar outro igual a ele — diz o cabanheiro Leandro dos Santos Oliveira.