Movimento Semana da Dependência quer paralisar o abate de bovinos

Produtores planejam parar entre os dias 20 de agosto a 20 de setembro para provocar o desabastecimento de carne no paísA ideia de boicote ao abate de gado de corte e outros produtos oriundos da agropecuária vem ganhando força a partir da criação do movimento intitulado Semana da Dependência. O grupo, formado por produtores, planeja paralisar o abate de animais entre os dias 20 de agosto a 20 de setembro.

De acordo com nota divulgada em evento no Facebook, a intenção é provocar o desabastecimento de carne no país durante o feriado do Dia da Independência, 7 de setembro. Produtores de carne suína e de frango foram convidados pelo grupo a reivindicar a causa. 

A mobilização começou a tomar corpo no início de junho no município de Dourados, em Mato Grosso do Sul, coincidentemente no mesmo período em que as manifestações populares explodiram pelo Brasil. O objetivo do protesto, segundo o grupo, é chamar a atenção do poder público para as demandas do setor produtivo, entre elas o fim das demarcações de terras indígenas, que têm causado insegurança jurídica aos proprietários rurais.

O coordenador do movimento, Glauco Mascarenhas, disse ao Jornal do Comércio, que cada região tem uma pauta específica. No Nordeste, por exemplo, um pedido dos produtores é o alongamento de prazos para quitação de financiamentos agrícolas para os grandes produtores que foram atingidos pela seca na região, já que apenas a agricultura familiar foi contemplada com a prorrogação.

Existem demandas que estão diretamente relacionadas com a sociedade urbana, lembra Mascarenhas. Segundo ele, existe a questão que envolve liberação da venda de etanol das usinas diretamente para as cidades, sem intervenção do Ministério de Minas e Energia. Isso pode causar impacto econômico imediato, o preço pode ter pelo menos 50% de queda, o que vai impactar na gasolina, disse o coordenador.

Mascarenhas informou que já existe adesão de produtores de todo o país, que se manifestam por telefone e também via redes sociais, ferramenta que está sendo utilizada na campanha. Segundo ele, praticamente todos os sindicatos rurais aderiram e é difícil quantificar quantos produtores estão engajados, pois é um movimento aberto. De acordo com ele, mesmo que 100% não participem, a paralisação vai causar impacto político e econômico muito forte.