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Novos frigoríficos devem reforçar controle do abate clandestino na Bahia

Segundo Sindicato das Indústrias de Carne do Estado, 45% da carne bovina consumida tem procedência clandestinaA construção de 20 unidades frigoríficas foi um dos temas debatidos, nessa sexta, dia 17, durante o primeiro Encontro Baiano sobre Abate e Comércio Ilegal de Carnes, realizado pelo Ministério Público do Estado da Bahia, em Salvador (BA). Com planta padrão desenvolvida pela Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado da Bahia (Seagri) e investimento médio de aproximadamente R$ 1,2 milhão cada, os futuros frigoríficos terão capacidade para o abate inspecionado de até cem anima

De acordo com relatório do Sindicato das Indústrias de Carne do Estado da Bahia (Sincar), 45% da carne bovina consumida no Estado tem procedência clandestina. Ainda conforme informações da entidade, do ponto de vista ambiental, o abate de um boi gera mais de 95 quilos de resíduos sólidos e líquidos, que sem o tratamento adequado provocam contaminação.

A implantação dos novos frigoríficos faz parte do Programa de Regionalização do Abate. Atualmente, essa atividade formal gera 15 mil empregos, número que poderia dobrar com a diminuição da prática ilegal.

A Agência de Defesa Agropecuária (Adab) realizou um estudo das zonas da Bahia que mais necessitavam do equipamento, levando em conta as distâncias dos já existentes e o rebanho da região.

A planta padrão das unidades está à disposição das prefeituras gratuitamente e acessível também à iniciativa privada. O principal objetivo da ação, já referenciada pelo Ministério da Agricultura, é criar micropolos de abate, gerando emprego e renda para a população.

Os centros serão administrados por cooperativas, com a participação de pecuaristas e prefeituras. Além de ser mais barato, o projeto dos frigoríficos contempla o aproveitamento das vísceras brancas e vermelhas.

Modernização

No modelo de descentralização, o abate acontece na própria região do produtor, inserindo todos os pecuaristas, grandes e pequenos, reduzindo os custos do frete dos animais, que muitas vezes inviabilizam o abate. Nesse sentido, a expectativa da Adab é de estimular a implantação de novas plantas frigoríficas, fomentando a modernização do parque industrial já existente.

O diretor geral da Adab, Paulo Emílio Torres, ressaltou que o sistema brasileiro de inspeção, dividido nas esferas federal, estadual e municipal, não permite comercialização dos produtos fora do território, liberando apenas o comércio interestadual, com inspeção federal.

Para o presidente do Sincar, Júlio Faria, a vantagem de sair do mercado informal reflete positivamente na indústria da carne, que apresenta 48% de ociosidade, e atrai agricultores familiares para a formalidade.

? O grande desafio agora é fortalecer toda a cadeia produtiva, propondo modelo arrojado para o desenvolvimento do sistema de abate de forma sustentável no território baiano ? disse Faria.

Segundo o secretário estadual da Agricultura, Eduardo Salles, os novos frigoríficos serão construídos, respeitando as exigências da Portaria 304, do Ministério da Agricultura, que regula o abate de bovinos, caprinos e ovinos, impõe normas à construção dos equipamentos e exige câmaras de refrigeração.

De acordo com ele, as novas unidades ? em processo de licitação ? vão resolver uma questão de segurança alimentar.

? Atualmente, a Bahia é exemplo entre os Estados brasileiros na luta contra o abate clandestino ? assegurou.

O Estado se destaca como importante polo de produção agropecuária, ocupando a primeira posição no Nordeste, 40% em relação ao rebanho bovino, e sexto no cenário nacional. No ranking de caprinos, o Estado ocupa o primeiro lugar, no país, com 41% da produção. Também aparece como segundo maior rebanho nacional de ovinos.

 

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