A Associação Nacional de Pecuária Intensiva (Assocon) acredita que o número de animais confinados deve voltar a crescer em 2017 e ultrapassar 4 milhões de cabeças. Um dos motivos para o aumento seria a expectativa de custos menores ao longo do ano, como reflexo da previsão de safra recorde de grãos no país.
“O milho, que no ano passado foi vendido a valores nunca vistos antes no mercado, começa a apresentar sinais de queda nas cotações”, afirma Fernando Cesar Nunes Saltão, executivo da Assocon. Vale lembrar que o milho é o principal ingrediente da dieta bovina e representa mais de 70% do custo da alimentação.
Mato Grosso e Goiás, que têm maior disponibilidade de grãos, devem ser os mais favorecidos com a redução dos custos. Para Saltão, nesses estados o número de animas confinandos e suplementados deve ser maior em 2017. “No ano passado, com os custos altos, até a suplementação a pasto com 0,3% do peso vivo do animal a conta não fechava. Assim, muitos pecuaristas reduziram para 0,1% do peso vivo. Esse ano isso deve mudar”, diz.
O setor também acredita que o consumo interno deve voltar a crescer, ainda lentamente, com a queda da inflação. Esse fator será decisivo para estimular os preços da arroba, já que 80% da produção de carne bovina é destinada ao mercado interno.
No mercado de reposição, a Assocon acredita que o ágio da arroba do boi magro sobre o boi gordo vai ser menor. Muitos confinadores ficaram no prejuízo no ano e, por isso, cautela deve ser a palavra-chave nas negociações de reposição. “Em 2016, a conta não fechou para muitos pecuaristas, mas, neste ano, o cenário deve ser melhor”. finaliza Fernando Saltão.
Ano passado
A Assocon estima que, no ano passado, a quantidade de animais terminados no confinamento foi inferior a 4 milhões de cabeças. O alto custo de produção e a queda no consumo interno reduziram as margens da atividade.
Os estados que apresentaram maiores quedas foram Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Já São Paulo acabou tendo incremento de animais confinados, apesar dos altos custos de produção. “Historicamente, o estado de São paulo tem um ágio de R$ 14 a mais no preço da arroba em relação a Mato Grosso, R$ 6 para Mato Grosso do Sul e R$ 8 para Goiás. Com isso, muitos pecuaristas optaram por levar animais para serem terminados em “boiteis” em São Paulo”, diz o executivo da entidade.