O pasto seco no Estado é um reflexo da estiagem, que se estendeu além do que era esperado. Em uma fazenda de Acorizal, na baixada cuiabana, foram mais de quatro meses sem chuva. A última precipitação ocorreu no fim de semana: 10 milímetros, que não foram suficientes para reverter o atual cenário.
Como a pastagem é escassa, o jeito é investir em suplementação para alimentar o rebanho. São duas mil cabeças. Os custos subiram cerca de 20%. Além das despesas maiores, o pecuarista sabe que a estiagem prolongada trará outra conseqüência. Vai demorar mais para que o rebanho fique pronto para o abate.
? Há demora na terminação dos animais. Provavelmente apenas entre janeiro e fevereiro estes animais criados a pasto estarão prontos para serem levados ao frigorífico, o que deve manter as cotações elevadas ? diz o pecuarista Luiz Carlos Meister.
Esta situação retrata bem o que acontece em praticamente todas as regiões do Estado. Com o atraso na engorda dos animais, a oferta deverá se manter reduzida, o que pode influenciar ainda mais as escalas de abates dos frigoríficos, que já operam com volume bem abaixo da capacidade real.
De acordo com um levantamento do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a falta de bois já reflete na movimentação das indústrias. Atualmente, a quantidade de abates corresponde a apenas 38% da capacidade instalada no Estado. Nesta mesma época do ano passado, este número chegava a 43%. Segundo o gerente do Departamento Técnico da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Tiago Mattosinho, a consequência desta escassez já aparece no mercado com a valorização da arroba, que deve ser mantida.
Dependendo do tamanho do rebanho confinado no Estado, pode haver mudanças neste cenário. Na última pesquisa sobre intenção de confinamento feita pelo Imea, foi apontado um recuo de 15% no número de animais. Um novo levantamento está sendo feito e deve ser divulgado em novembro.