O anúncio do programa Mais Ovinos no Campo foi feito durante a Feovelha de Pinheiro Machado, no final de janeiro de 2011, como a primeira grande aposta do governador Tarso Genro no agronegócio gaúcho. O estímulo financeiro ajudaria o Rio Grande do Sul a ampliar a produção e ofertar mais carne ao mercado nacional. De acordo com o gerente executivo do Cordeiro Herval Premium, Clóvis Cardoso de Ávila, o volume que se tem hoje é suficiente para atender apenas 30% do consumo do Estado de São Paulo, por exemplo, um dos principais compradores de cordeiro do país.
O secretário da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, explica que não se pode esperar uma grande mudança em um único ano de programa. De 2010 para 2011, o rebanho gaúcho teve um acréscimo de 100 mil cabeças, passando de 3,7 milhões para 3,8 milhões. Foram abatidas 70 mil fêmeas a menos, o que significa que há mais matrizes no campo. Do crédito liberado pelo governo, cerca de R$ 18 milhões foram captados para a retenção de matrizes e pouco mais de R$ 12 milhões para a aquisição de animais, chegando a um total de 207 mil ovinos nas duas linhas de crédito.
– Se continuarmos neste ritmo, em 10 anos o plantel terá aumentado em um milhão de cabeças. É um programa contínuo. Quando se esgotarem esses R$ 72 milhões hoje disponíveis, com certeza, serão liberados mais recursos – diz Mainardi.
Para quem já investe no negócio, o mercado nunca esteve tão aquecido. O quilo da lã chegou a ser comercializado por R$ 15 e o do cordeiro vivo não baixou dos R$ 5. Na propriedade de Parrásio Simões Collares Neto, em Bagé, na Campanha, a comercialização de ovinos bateu a dos bovinos – o quilo da carcaça do boi fica na faixa dos R$ 6,30, e o do cordeiro passa de R$ 8.
Momento que, aliado aos investimentos em genética, impulsionou o produtor a programar o primeiro leilão particular de cordeiros da propriedade, que colocará em pista 50 animais.
A explicação para uma abertura maior do mercado nacional – além do Uruguai ter diminuído as exportações da carne para o Brasil – estaria na preferência pelas raças criadas no Estado, que apresentam percentual de gordura maior e mais entremeada na fibra, uma tendência a deixar a carne mais macia.