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Pantanal espera enchente rigorosa para 2018

As recomendações incluem planejar o arrendamento de pastagens ou a venda dos animais, priorizar a saída de vacas com cria ao pé e oferecer suporte de transporte aos bezerros com tratores ou carretas

Fonte: Nicoli Dichoff/ Embrapa

A Embrapa Pantanal recomenda, em laudo técnico entregue ao Sindicato Rural de Corumbá (MS), a retirada total dos rebanhos bovinos de fazendas do baixo Pantanal, nas sub-regiões do Abobral (Miranda, Negro, Aquidauana), Nabileque (incluindo o Jacadigo) e Paraguai (entre as morrarias do Amolar e Urucum), em função da cheia deste ano. Nas propriedades de outras regiões, a recomendação é que até metade dos rebanhos seja deslocada para áreas mais altas.

No bioma, algumas propriedades são afetadas apenas pelas enchentes que sofrem a influência das chuvas; outras sofrem também os efeitos das cheias influenciadas pelo nível dos rios. De acordo com o documento, a inundação deste ano atingiu uma área total de cerca de 40 mil km² até o mês de fevereiro. As áreas do médio e baixo Pantanal são as mais sujeitas aos impactos das grandes enchentes.

As águas das chuvas de verão registradas entre os meses de outubro e março regulam a dinâmica hidrológica no bioma. Por isso, quando essas chuvas são volumosas, espera-se um alagamento relativo maior e mais duradouro. Dessa forma, a altura do Rio Paraguai deve atingir de 4,81 a 5,78 metros em 2018, com estimativa de área de inundação entre 71 e 90 mil km² em toda a planície pantaneira.

“Vai afetar justamente uma região onde algumas propriedades praticam cria e outras a engorda de animais”, esclarece o pesquisador José Aníbal Comastri. “É um solo extremamente argiloso que, na época das águas, fica como se fosse uma esponja, uma cola. Neste período, os bezerros mais novos ficam vulneráveis e podem morrer se o rebanho não for retirado com antecedência”, explica.

A enchente deve durar 170 dias, em média. A inundação de 2018 pode ser classificada como rigorosa – porém, o documento ressalta que as cheias entre 5 e 5,5 metros representam a categoria mais comum ou frequente de cheias do Pantanal, considerando dados registrados de 1900 até hoje.

Impactos na pecuária

Segundo o presidente do Sindicato Rural de Corumbá (MS), Luciano Leite, os efeitos da inundação deste ano devem ser sentidos nas propriedades rurais até 2019 por sua influência nas reservas corporais das vacas de cria. “Esses animais, por serem retirados dessas áreas mais baixas, vão diminuir a produção de bezerros de maio de 2019 – próxima estação de parição ”, disse.

O laudo técnico descreve ainda que existem mais de 2,3 milhões de cabeças de gado na região do baixo Pantanal. Com a falta de logística adequada para a movimentação dos rebanhos, o custo total do deslocamento dos animais por meio de comitivas até os pontos de embarque deve ficar em torno de R$ 5 milhões. As recomendações incluem planejar o arrendamento de pastagens ou a venda dos animais para minimizar os prejuízos, priorizar a saída de vacas com cria ao pé e oferecer suporte de transporte aos bezerros com tratores ou carretas.

“Esse laudo serve para embasar o pedido de estado de emergência no município de Corumbá e a prorrogação da vacinação, que começa no dia primeiro de maio na região de Mato Grosso do Sul”, afirma Luciano.

Para o presidente do sindicato, a falta de logística para levar as vacinas até as propriedades e as dificuldades de se trabalhar com os animais nos mangueiros durante esse período impedem o cumprimento do calendário de vacinação na região do Pantanal. “Nessa época, de primeiro de maio a 15 de junho, vamos passar pelo pico da inundação nas nossas regiões”.

De acordo com ele, o documento da Emprapa deverá ser encaminhado à prefeitura de Corumbá, ao governo do estado e à Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) para oferecer embasamento técnico para as tomadas de decisão relacionadas ao calendário de vacinação na região pantaneira.

O laudo também deverá embasar uma solicitação dos produtores sobre mudanças no programa de retenção de novilhas do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO) junto ao Conselho Deliberativo do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Condel/Sudeco), responsável pelo fundo na planície pantaneira.

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