Na ressequida região da Campanha, tenta-se negociar os animais antes que a falta d’água e de pasto acentue a queda de peso. Atentos a melhores preços ou condições de pagamentos, criadores de regiões menos afetadas pela estiagem buscam bovinos de corte em cidades como Bagé. No município, o leiloeiro e produtor Paulo Roberto Rodrigues, da cidade de Guaíba, adquiriu 150 cabeças de um colega.
? Consegui prazo maior para pagar. Assim, poderei engordar o gado.
Em casos isolados, o gado pode ser vendido 20% abaixo do preço de mercado, a fim de cobrir despesas com frete. No geral, os valores estão nos padrões pré-estiagem, com o quilo do boi de invernar a R$ 2,40 e o da vaca de invernar, a R$ 2.
Em Dom Pedrito, na Granja Camponogara, onde 80 hectares de pastagens secaram, o rebanho sacia a fome com arroz e ração. A sobra da colheita passada e o baixo preço pago pelo arroz, cerca de R$ 22 a saca de 50 quilos, fizeram o grão substituir o milho, vendido a R$ 33 a saca de 60 quilos. Para cada saca de ração são usados dois de arroz com casca e sobras de sementes, conta o administrador Cristiano Cabrera.
Na Estância Guatambu, 200 cabeças provam o cardápio há quatro semanas. Em média, o ganho de peso é de um quilo ao dia, com perspectivas de chegar ao 1,3 quilo ? marca alcançada com o milho.
? O arroz é opção para fugir do preço alto do milho na região ? diz Valter Pötter, dono da Guatambu.
A experiência chama a atenção do engenheiro agrônomo José Fernando Lobato, professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul:
? Em tempos de estiagem, a suplementação é uma forma de evitar perda de peso do rebanho. Mas deve-se consultar um agrônomo. É preciso balancear a dieta do gado.