De acordo com o diretor geral do Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Animal do Paraguai (Senacsa) e representante do país no CVP, Carlos Simón Van Humbeeck, ainda não há um número definido de especialistas e quais áreas deverão ser acionadas nos países.
? Estamos solicitando a colaboração do Centro Panamericano de Febre Aftosa (Panaftosa) e do CVP para nos ajudar nos diagnósticos laboratoriais e na investigação com o envio de especialistas para descobrimos a origem desse foco ? disse Van Humbeeck.
Entretanto, o diretor paraguaio se reunirá com o diretor do Conselho Panamericano de Aftosa (Panaftosa), Ottorino Cosivi, para detalhar e mapear as demandas e a ajuda necessária ao país com a elaboração do pedido oficial e encaminhamento aos países-membros do CVP.
? Vamos ter uma primeira discussão para ver como vai ser esta ação para definir os objetivos e as necessidades pontuais que o Paraguai tem ? afirmou Cosivi.
Para o diretor do serviço sanitário nacional da Bolívia e presidente do CVP, Rubens Robles, a expectativa é de que a articulação dos países-membros do comitê seja confirmada ainda em meados deste mês.
? Os países se colocaram à disposição para ajudar o Paraguai na continuidade das investigações da origem do foco, com envio de materiais técnicos, recursos humanos e especialistas. A articulação desse processo é imediata. Estamos apenas esperando um comunicado oficial do Paraguai para que os técnicos do Mercosul possam se apresentar ? declarou o presidente do CVP.
Segundo Van Humbeeck o Paraguai está seguindo todas as recomendações da OIE, inclusive eliminando os animais que foram infectados. O país já abateu 819 cabeças de bovinos por meio dos procedimentos da OIE. Segundo ele, o governo paraguaio autorizou, por meio de decreto oficial, a utilização do fundo de emergência público de US$ 1 milhão, cujos recursos estão sendo creditados em uma conta independente de emergência sanitária do País.
? Nesses um pouco mais de 15 dias de constatação do foco de aftosa, já aplicamos US$ 500 mil desse fundo que está sendo direcionado para logística, forças armadas, barreiras, monitoramento de trânsito animal, entre outros ? informou, ressaltando que na força-tarefa de emergência estão participando 65 veterinários.
O diretor da Senacsa estimou ainda que os prejuízos do Paraguai com a suspensão das exportações no ano deverão ficar em cerca de US$ 300 milhões.
? Exportamos por ano aproximadamente US$ 1 bilhão, entre 280 e 300 mil toneladas. Já vendemos ao mercado externo entre US$ 650 milhões e US$ 700 milhões ? explicou.
Com o foco de aftosa, a OIE suspendeu temporariamente a condição de região livre da doença com vacinação da Zona 1 do Paraguai, que engloba o interior do país. A condição da Zona 2, que é uma faixa de 15 quilômetros na fronteira, que faz parte da Zona de Alta Vigilância (ZAV), está mantida. Questionado em quanto tempo a região um do Paraguai pode voltar ao status inicial, o diretor da Senacsa preferiu não estabelecer um tempo.
? Estamos trabalhando para a possibilidade de uma “zonificação” ou zona de contenção da doença no país e que esta seja reconhecida pela OIE. Se isso ocorrer, fica mais fácil de recuperar o status. O vírus é invisível, o alerta sanitário está em nível nacional e precisamos saber o que ocorre, o que causou esse foco de febre aftosa. Temos o compromisso de buscar essa solução o mais rápido possível, mas depende de muitos fatores técnicos e essa ajuda será essencial para isso ? declarou Van Humbeeck, informando que o prazo de avaliação da OIE a partir do recebimento do documento oficial da “zonificação” é de 30 dias.
O representante brasileiro no CVP, Guilherme Marques, avaliou que é mínimo o risco do Brasil ser afetado pela aftosa. Segundo ele, de forma preventiva, a fiscalização está reforçada, principalmente nas áreas de fronteira.
? Não só com a questão de apoio operacional, mas, principalmente com especialistas renomados na área de epidemiologia, área de vigilância e na área de laboratório. Dessa maneira as autoridades paraguaias podem ter uma resposta mais rápida para suas investigações e nós tenhamos uma solução para esse caso de uma forma clara, efetiva e transparente ? explicou Marques.
As autoridades reforçaram a necessidade de uma ação integrada na América do Sul para a erradicação da aftosa. Para o diretor do Panaftosa, essa integração é importante para reforçar a confiança dos países.
? O momento é de crise. É importante aprender com as crises e encontrar oportunidades ? disse Cosivi.
De acordo com Guilherme Marques, o trabalho cooperado é o caminho para tornar os países da América do Sul livres da febre aftosa.
? O nosso inimigo não é o Paraguai, o nosso inimigo não é qualquer país que tenha febre aftosa. Nosso inimigo é o vírus e a gente só combate esse vírus invisível com estratégia e atuação cooperada para que possamos efetivamente ter um continente americano livre de febre aftosa ? apontou.
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