Paraguai pede apoio para investigar origem de foco de aftosa

Países membros do Comitê Veterinário Permanente do Mercosul devem auxiliar serviço veterinário do ParaguaiO serviço veterinário do Paraguai (Senacsa) pediu ajuda aos países membros do Comitê Veterinário Permanente do Mercosul (CVP), que inclui Brasil, Argentina, Paraguai, Chile e Bolívia, para investigar a origem do foco de febre aftosa em bovinos, anunciado e reconhecido oficialmente pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), no último dia 19. A ideia é ter técnicos de outros países atuando em território paraguaio. Especialistas acreditam que pelo menos um plano de ação possa estar definido já

De acordo com o diretor geral do Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Animal do Paraguai (Senacsa) e representante do país no CVP, Carlos Simón Van Humbeeck, ainda não há um número definido de especialistas e quais áreas deverão ser acionadas nos países.

? Estamos solicitando a colaboração do Centro Panamericano de Febre Aftosa (Panaftosa) e do CVP para nos ajudar nos diagnósticos laboratoriais e na investigação com o envio de especialistas para descobrimos a origem desse foco ? disse Van Humbeeck.

Entretanto, o diretor paraguaio se reunirá com o diretor do Conselho Panamericano de Aftosa (Panaftosa), Ottorino Cosivi, para detalhar e mapear as demandas e a ajuda necessária ao país com a elaboração do pedido oficial e encaminhamento aos países-membros do CVP.

? Vamos ter uma primeira discussão para ver como vai ser esta ação para definir os objetivos e as necessidades pontuais que o Paraguai tem ? afirmou Cosivi.

Para o diretor do serviço sanitário nacional da Bolívia e presidente do CVP, Rubens Robles, a expectativa é de que a articulação dos países-membros do comitê seja confirmada ainda em meados deste mês.

? Os países se colocaram à disposição para ajudar o Paraguai na continuidade das investigações da origem do foco, com envio de materiais técnicos, recursos humanos e especialistas. A articulação desse processo é imediata. Estamos apenas esperando um comunicado oficial do Paraguai para que os técnicos do Mercosul possam se apresentar ? declarou o presidente do CVP.

Segundo Van Humbeeck o Paraguai está seguindo todas as recomendações da OIE, inclusive eliminando os animais que foram infectados. O país já abateu 819 cabeças de bovinos por meio dos procedimentos da OIE. Segundo ele, o governo paraguaio autorizou, por meio de decreto oficial, a utilização do fundo de emergência público de US$ 1 milhão, cujos recursos estão sendo creditados em uma conta independente de emergência sanitária do País.

? Nesses um pouco mais de 15 dias de constatação do foco de aftosa, já aplicamos US$ 500 mil desse fundo que está sendo direcionado para logística, forças armadas, barreiras, monitoramento de trânsito animal, entre outros ? informou, ressaltando que na força-tarefa de emergência estão participando 65 veterinários.

O diretor da Senacsa estimou ainda que os prejuízos do Paraguai com a suspensão das exportações no ano deverão ficar em cerca de US$ 300 milhões.

? Exportamos por ano aproximadamente US$ 1 bilhão, entre 280 e 300 mil toneladas. Já vendemos ao mercado externo entre US$ 650 milhões e US$ 700 milhões ? explicou.

Com o foco de aftosa, a OIE suspendeu temporariamente a condição de região livre da doença com vacinação da Zona 1 do Paraguai, que engloba o interior do país. A condição da Zona 2, que é uma faixa de 15 quilômetros na fronteira, que faz parte da Zona de Alta Vigilância (ZAV), está mantida. Questionado em quanto tempo a região um do Paraguai pode voltar ao status inicial, o diretor da Senacsa preferiu não estabelecer um tempo.

? Estamos trabalhando para a possibilidade de uma “zonificação” ou zona de contenção da doença no país e que esta seja reconhecida pela OIE. Se isso ocorrer, fica mais fácil de recuperar o status. O vírus é invisível, o alerta sanitário está em nível nacional e precisamos saber o que ocorre, o que causou esse foco de febre aftosa. Temos o compromisso de buscar essa solução o mais rápido possível, mas depende de muitos fatores técnicos e essa ajuda será essencial para isso ? declarou Van Humbeeck, informando que o prazo de avaliação da OIE a partir do recebimento do documento oficial da “zonificação” é de 30 dias.

O representante brasileiro no CVP, Guilherme Marques, avaliou que é mínimo o risco do Brasil ser afetado pela aftosa. Segundo ele, de forma preventiva, a fiscalização está reforçada, principalmente nas áreas de fronteira.

? Não só com a questão de apoio operacional, mas, principalmente com especialistas renomados na área de epidemiologia, área de vigilância e na área de laboratório. Dessa maneira as autoridades paraguaias podem ter uma resposta mais rápida para suas investigações e nós tenhamos uma solução para esse caso de uma forma clara, efetiva e transparente ? explicou Marques.

As autoridades reforçaram a necessidade de uma ação integrada na América do Sul para a erradicação da aftosa. Para o diretor do Panaftosa, essa integração é importante para reforçar a confiança dos países.

? O momento é de crise. É importante aprender com as crises e encontrar oportunidades ? disse Cosivi.

De acordo com Guilherme Marques, o trabalho cooperado é o caminho para tornar os países da América do Sul livres da febre aftosa.

? O nosso inimigo não é o Paraguai, o nosso inimigo não é qualquer país que tenha febre aftosa. Nosso inimigo é o vírus e a gente só combate esse vírus invisível com estratégia e atuação cooperada para que possamos efetivamente ter um continente americano livre de febre aftosa ? apontou.

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