Pecuária de corte do Brasil precisa investir em tecnologia, diz Cepea

Para especialistas, técnicas como rotação de pastagens e suplementação alimentar bem feita podem aumentar a produção de carne bovina por área sem elevar muito os custosA pecuária de corte no Brasil precisa investir em tecnologias que elevem sua produtividade para se manter em posição de destaque no mundo, apontam o professor da Esalq/USP e coordenador dos projetos de pecuárias do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Sergio De Zen, e a analista de mercado do Cepea, Mariane Crespolini dos Santos. Segundo eles, a demanda pela proteína tem avançado em ritmo ainda mais acelerado que a oferta, principalmente em países emergentes, onde a renda te

– O mundo precisa cada vez mais de alimentos, e a carne, no Brasil, concorre em área com culturas como cana-de-açúcar, soja e milho. Há 10 anos, o pecuarista brasileiro não tinha essa limitação nas fronteiras agrícolas e a terra era mais barata – disse De Zen, em nota. Para Mariane, com técnicas como rotação de pastagens e suplementação alimentar bem feita é possível aumentar a produção de carne bovina por área sem elevar muito os custos.

Segundo levantamentos do Cepea em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), propriedades de 13 Estados típicas dos cinco sistema produtivo da pecuária nacional – cria, cria-recria, recria-engorda, ciclo completo e engorda -, mostram que a taxa de lotação vai de 0,48 Unidade Animal (UA – 450 quilos peso vivo) por hectare (Pará/cria) a 2,98 UA/ha (São Paulo/engorda).

– Se as fazendas brasileiras tivessem, em média, 1 UA/ha, a produtividade aumentaria em 28%; se a média chegasse a 1,5 UA/ha, o acréscimo seria de 88% e, no caso de atingir 2 UA/ha, o avanço seria de 149% – explica o professor.

Custos e preços

Os especialistas participaram, no mês passado, da 11º Conferência de Ovinos e Bovinos do Agri Benchmark em York, na Inglaterra. Na ocasião, foi destacado que o preço da carne bovina teve aumentos consideráveis principalmente nos países em desenvolvimento. No Brasil e na Argentina, por exemplo, as altas estiveram ao redor de 150%, enquanto que na China chegaram aos 400%.

Os custos também tiveram elevação, mas em menor proporção. No Brasil e na Argentina, o crescimento foi de 100% entre 2005 e 2012. Em países desenvolvidos, como Alemanha, Itália, Reino Unido e outros europeus, o encarecimento da produção se limitou ao intervalo de 10% a 20%. Austrália e Estados Unidos registraram aumento de 30% e 50%, respectivamente.

Em valores reais, o custo de produção da carne brasileira ainda é muito competitivo – em 2012, o custo para se produzir 100 quilos de carcaça na China foi quase três vezes superior ao do Brasil. Na Europa, duas vezes maior e, nos Estados Unidos, uma vez e meia. No entanto, de acordo com os pesquisadores, essa vantagem vem diminuindo, o que reforça a necessidade do aumento de produtividade da proteína. 

Agência Estado