A carga de madeira vai para cidade de Campinas com lentidão. Essa é a rotina de quem precisa passar pela MT 208. Chegar ao município de Alta Floresta, a 800 km de Cuiabá, é um exercício de paciência para os motoristas.
– A estrada está péssima, prejudica a mecânica e os pneus. Há dez anos prometem asfaltar e nada. Cada vez que vou ao mecânico são R$ 2 mil. Infelizmente, tenho que cobrar a mais no frete – conta o caminhoneiro Vanderlei Oliveira.
O gado transportado vivo perde valor. Nos 150 km que separam a região produtora de Bandeirantes dos frigoríficos, os caminhoneiros enfrentam dificuldades ao cruzar pontilhões de madeira. As pedras prejudicam os pneus e há casos em que os animais morrem antes de chegar aos abatedouros.
— Convivemos diariamente com isso. Há muitas pedras na estrada que cortam os pneus. Dirigimos devagar e, às vezes, paramos para conferir se está tudo bem com a carga. Quando chove é ainda pior – diz o caminhoneiro Marcos Guimarães Donzeli.
A estrada está tão precária que chegou a ficar interditada. O trânsito foi retomado há menos de um mês. Os produtores da região ainda contabilizam os prejuízos com o gado que não foi levado para o abate. Situações como estas dificultam o planejamento de custos da propriedade.
– Nos meses de março e abril não passaram caminhões na estrada, o frigorífico não tinha como carregar. O pouco asfalto que tem, já está causando problemas – relata Orlando Figueiredo Silva, presidente do Sindicato Rural Nova Monte Verde.
O mesmo ocorre nas rodovias estaduais como a MT 220 e a MT 160. Segundo o prefeito de Apiacás, Adalto Zago, o governador do Estado prometeu previsão orçamentária de pavimentação dessas rodovias ainda para este mês.
A gravidade do problema das rodovias é tanta que a indústria também busca soluções junto com os produtores, já que estrada ruim reflete no baixo preço pago ao produtor no extremo norte do Estado.
>> Projeto percorre 30 municípios de MT e discute os principais temas da cadeia produtiva da pecuária