O consumo de leite tem aumentado no Rio, mas a participação da produção interna no consumo tem diminuído.
? Nós já chegamos a oferecer ao mercado 70% daquilo que consumimos e hoje oferecemos 22,5% ? disse Figueiredo.
O principal fator para isso, segundo ele, é que o Estado nunca conseguiu organizar o sistema de industrialização e comercialização em torno de empresas fortalecidas economicamente.
? São cooperativas ou pequenas usinas pulverizadas que não conseguem ser competitivas no mercado ? afirmou.
Para o diretor, há também falta de estímulo ao produtor para que invista em tecnologia. O Estado do Rio produz 1,8 mil litros de leite por vaca anualmente, quando deveria produzir, no mínimo, 4 mil litros. Por hectare, a produção fluminense é de 370 litros de leite por ano. Figueiredo afirmou que o Estado poderia estar produzindo 10 mil litros de leite por hectare/ano.
O governo fluminense concede incentivos da ordem de R$ 3 milhões por mês que, “teoricamente”, deveriam ser em favor dos produtores, afirmou o diretor. Na sua opinião, os grandes incentivos têm sido mais direcionados para as usinas de beneficiamento do que para os produtores.
Ele explicou que, com isso, o preço final resulta menor do que a média nacional, que hoje é de R$ 0,70 o litro. Figueiredo observou que na medida em que o governo destina 11% de incentivo fiscal sobre o preço do produtor, o preço do leite no Rio deveria ser 10% maior do que a média nacional. Ou seja, chegaria em torno de R$ 0,77 por litro.
O rebanho bovino fluminense soma 1,9 milhão de cabeças. Desse total, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 283.541 são vacas leiteiras.
O setor enfrenta entraves, como a deficiência de assistência técnica especializada, ausência de programas de incentivo ao uso de terras mais planas pela pecuária de leite e estradas mal conservadas que dificultam o transporte diário de leite. O diretor citou também, entre os problemas, os apagões constantes de energia elétrica no interior, que levam o produtor a perder a produção, além da ociosidade das plataformas de industrialização.
No ranking nacional, o Rio de Janeiro ocupa a 13ª colocação entre os produtores. Seis estados, liderados por Minas Gerais, detêm 73% da produção nacional. Os demais são Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás, Santa Catarina e São Paulo.
As deficiências do setor serão discutidas nesta quinta, dia 13, no 2º Congresso Rio Eco Rural, em Nova Friburgo, região serrana fluminense.