Uma plateia curiosa ocupa as cadeiras em frente à vitrine. Parece um show que gera comentários antes mesmo de começar.
? Conforme ele limpa a carne, o jeito que ele vai limpar, como é que ele vai tirar a peça, favorece o churrasco, fica mais macio, mais suculento ou não ? falou Renato Santos, empreiteiro.
É o terceiro ano que a desossa das carcaças é feita, ao vivo, para o público da Expointer. A carne tem um selo com certificado de origem da fronteira do Brasil com o Uruguai, uma região com séculos de história na produção pecuária.
? São animais produzidos a pasto no nosso pampa, que é uma região que, juntamente com o pampa uruguaio e o pampa argentino, se adapta para a produção de um animal a pasto e com a qualidade que é apresentada ? disse Luiz Alberto Pita Pinheiro, coordenador da Vitrine da Carne.
O trabalho acontece em um ambiente climatizado com temperatura de 15 graus. A ideia é reproduzir as mesmas condições de um frigorífico para apresentar todo o potencial da carne gaúcha.
A carne que impressiona os visitantes da feira é resultado de um longo trabalho que começa nas propriedades rurais. São cuidados que garantem a qualidade e aumentam o rendimento.
A família do produtor Henrique Ribas cria gado da raça devon há quarenta anos. Eles estão entre os pioneiros a trabalhar com a chamada pecuária de precisão. A técnica exige um conhecimento profundo de toda a propriedade, a começar pelo solo.
? Corrigir pontualmente todas as lacunas que o solo tem para transferir a planta, além de, se isso não for possível num primeiro momento, fazer essa correção via cocho, ou seja, através de um mineral de boa qualidade, trabalhando um mineral de alta biodisponibilidade e terminando com estas lacunas que estão interpostas entre o que o animal demanda para produzir e o que realmente o nosso ambiente oferece ? observou Ribas.
Após um ano e meio trabalhando com o novo sistema, os criadores comemoram os resultados.
? Houve uma revolução porque nós conseguimos desmamar toda a terneirada mais pesada, além de ampliar o número de ventres que realmente estavam produzindo no rebanho. Ou seja, nós passamos para índices de 80% de desmame com terneiros de 242 quilos de peso ? declarou Ribas.